“Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos” Florestan Fernandes, sociólogo
A deterioração do mercado de trabalho afeta todas as regiões do Brasil, sendo que os piores resultados foram observados no Norte e no Nordeste. A construção civil brasileira registrou queda no nível de emprego em fevereiro em relação a janeiro, com o fechamento de 23,9 mil postos de trabalho, considerando os fatores sazonais. Em 12 meses, já foram demitidos 467,7 mil trabalhadores. Fonte: pesquisa realizada pelo SINDUSCON-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) em parceria com a FGV, com base em informações do MTE (Ministério do Trabalho e do Emprego).
“O setor está desempregando pelo 17º mês consecutivo. Mesmo se, como queremos, a crise política tiver um desfecho rápido dentro da legalidade, novos investimentos ao longo deste ano resultarão em obras mais adiante, e somente então se iniciará uma retomada do emprego”, comenta o presidente do SINDUSCON-SP, José Romeu Ferraz Neto. (Fonte: Portal G1 - 06/04/2016).
O mercado acionário brasileiro possui 42 companhias abertas do setor de Construção Civil e Mercado Imobiliário, a saber: ALIANSCE, AZEVEDO, BR BROKERS, BR MALLS PAR, BR PROPERT, BRASILAGRO, BROOKFIELD, CONST A LIND, COR RIBEIRO, CR2, CYRE COM-CCP, CYRELA REALT, DIRECIONAL, ETERNIT, EVEN, EZTEC, GAFISA, GENERALSHOPP, HAGA S/A, HELBOR, IGUATEMI, JHSF PART, JOAO FORTES, LIX DA CUNHA, LOPES BRASIL, MENDES JR, MILLS, MRV, MULTIPLAN, PDG REALT, PORTOBELLO, RODOBENSIMOB, ROSSI RESID, SAO CARLOS, SIERRABRASIL, SONDOTECNICA, SULTEPA, TECNISA, TRISUL e VIVER. Do total das receitas líquidas em 2015 destas companhias, 49% vieram de: MRV, CYRELA REALT, GAFISA, EVEN, PDG REALT E DIRECIONAL.
De 2014 para 2015, estas empresas no conjunto tiveram uma redução significativa de receita (mais de 15%), queda de 54% na geração de caixa medida pelo EBITDA, redução de 2 vezes e meia nos resultados líquidos, redução de quase 9% no endividamento líquido (boa notícia) mas, atingindo em 2015 uma relação fantástica de 20:1 (má notícia) entre dívida líquida e EBITDA, além de queda de 8,73ppt na taxa de retorno para o acionista (ROE), que no último ano ficou negativa em quase 5% no agregado.
A tabela seguinte ilustra os grandes números do setor na comparação dos totais dos últimos dois anos das 42 empresas citadas.
Comentários Finais:A Apimec Rio realizou no dia 29/Mar/2016 em sua sede, um Seminário sobre Mercado Imobiliário que contou com a presença da área de Crédito Imobiliário do Bradesco apresentando o cenário atual e as perspectivas para o setor. A conclusão apontou um ambiente doméstico tendo que enfrentar grandes desafios devido ao cenário econômico atual: deterioração dos indicadores, falta de previsibilidade e queda da confiança. Entretanto, há no momento um grande descompasso entre necessidade e realidade em função de grandes perspectivas para o setor, a saber:
- espaço para crescimento do crédito imobiliário (Brasil: menos de 10% do PIB, enquanto que em países desenvolvidos atinge 75% do PIB);
- grande demanda por imóveis (mercado potencial para mais de 10 anos);
- bônus demográfico ofertado pelo crescimento de 20% da população adulta (de 43 milhões em 2000 para 52 milhões de habitantes em 2014);
- aumento no estoque de crédito imobiliário para pessoas físicas pelo SFN (de R$60bilhões em 2008 para R$495bilhões em 2015);
- aumento do endividamento habitacional em função do crédito imobiliário pelas famílias (de 3,1% em 2006 para 18,0% em 2014);
- maior austeridade dos agentes financeiros nas concessões de crédito elevando a segurança do mercado e
- redução da inadimplência dos financiamentos imobiliários pelo SBPE (9,7% em 2004 para 1,9% em 2015), em contratos com mais de 3 prestações em atraso.
No mesmo evento a FIDES ASSET apresentou uma proposta de recuperação das empresas do mercado imobiliário tomando como base a necessidade de ajustar os preços dos imóveis para acelerar a venda dos estoques, fazer o mínimo de lançamentos até os estoques voltarem a níveis normais e gerar caixa aproveitando as oportunidades pelas empresas com balanços saudáveis para comprar terrenos e usar fôlego para futuros lançamentos. Em síntese, podemos dizer que onde há grandes desafios existem grandes oportunidades para as empresas bem administradas.
A SABE Consultores tem o propósito de compartilhar informações úteis e atualizadas sobre as empresas brasileiras. Manteremos você atualizado, como de costume, com novas informações extraídas do nosso Banco de Dados SABE.
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Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.