Segundo estudos da Brasil Food Trends 2020 (BFT) o aumento do poder de compra da população, o maior acesso à informação, o aumento da escolaridade, a modificação na estrutura das famílias e o envelhecimento da população, são fatores que afetam os negócios de alimentos no Brasil.
Uma pesquisa desenvolvida pela equipe do SABE sobre as demonstrações contábeis de 2011 a 2015 de 11 companhias abertas do Setor de Alimentos oferece as seguintes constatações:
- No período de 2011 a 2013 o setor operou com margens líquidas pequenas da ordem de 1%, com significativo aumento em 2014 para 2,26%, beneficiado pelo aumento do desempenho operacional de JBS e BRF;
- Em 2014 a receita de apenas 3 companhias representou 93% do total do setor (R$185 bilhões), evidenciando forte concentração, sendo: JBS 66%, BRF 16% e Marfrig 11%;
- Em 2014 o endividamento destas mesmas 3 companhias correspondeu a 89% do total do setor (R$107 bilhões), sendo: JBS 53%, BRF 19% e Marfrig 17%;
- Em 2014 o retorno do acionista (ROE) da JBS de 9,38% ficou bem abaixo do da BRF de 14,18%; Marfrig não deu retorno, pois manteve prejuízo desde 2011;
- No 1º trimestre de 2015 a JBS teve lucro líquido de R$ 1,5 bilhões, forte avanço sobre os R$ 120 milhões obtidos um ano antes; BRF obteve lucro líquido de R$ 465 milhões, aumento de 46% ante o mesmo período de 2014; Marfrig continua com prejuízo de R$ 562 milhões, muito elevado se comparado com o de R$ 92 milhões em 2014.
- Em resumo: o setor está muito endividado; o sucesso da JBS no 1º trimestre deste ano foi fruto de êxito em operações de hedge; a situação da dívida da Marfrig é alarmante.