Todos nós estamos interessados no futuro da Petrobras (e do país também, pois a indústria do petróleo equivale a 12% do PIB nacional). Como está difícil de fazer previsões vamos ver o que diz no site da empresa a declaração de Visão de Futuro 2030:
“Ser uma das cinco maiores empresas integradas do mundo (uma das cinco maiores produtoras de petróleo, dentre todas as empresas, com ou sem ações em bolsa) e a preferida dos seus públicos de interesse”. A companhia possui 13 públicos de interesse, com os quais se compromete a promover práticas contínuas de comunicação e relacionamento, como mostrado na figura a seguir:
www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/estrategia/plano-de-negocios-e-gestao/
Portanto, sob a ótica estratégica tudo nos leva a crer que a Petrobras reúne condições para recuperação. Mas, certamente terá que fazer um esforço sobrenatural para manter coerência com seu Plano de Negócios. Os motivos não são poucos: altamente endividada, a companhia enfrenta a alta recente do dólar, a queda do preço do petróleo no mercado internacional, o rebaixamento pela S&P, além das investigações ligadas à operação “Lava a Jato”.
Para executar sua estratégia de negócios a companhia terá que superar vários desafios, dentre os quais: cortar serviços terceirizados ligados à área administrativa (cerca de 5 mil pessoas), reduzir metas de produção para alcançar 2,8 milhões de barris de petróleo por dia em 2020 (a meta original era de 4,2 milhões de barris), vender ativos hoje desvalorizados para poder investir e pagar dívidas que vencem em 2016 (cerca de R$20 bilhões), reduzir o número de gerentes (superior a 7 mil pessoas) e administrar uma dívida líquida de R$324 bilhões (em 30/06/2015), dos quais 81% em dólar!!!
Olhando pelo retrovisor acompanhe agora o que nosso acervo de dados e informações tem a desvendar com base nos demonstrativos contábeis e nas notas explicativas do 1º semestre de 2015. Você também pode perceber a evolução dos números da companhia até o 1º trimestre deste ano divulgados na newsletter intitulada SABE o que animou e o que decepcionou (muito!) no balanço da Petrobras?.
Da observação dos números percebemos uma grave situação patrimonial e financeira no período de 2011 a 2014 e neste ano: patrimônio líquido deteriorando, resultado líquido esperado cerca de 1/3 de 2011, endividamento elevadíssimo correspondendo a 1,8 vezes o patrimônio líquido, retorno do acionista insignificante. Tal como o Brasil a Petrobras está voltando ao passado, com um valor atual de mercado em torno de US$30 bilhões como era em 2003.
A comparação do desempenho do 1º semestre deste ano com o do ano passado também evidencia um quadro muito ruim com reduções no patrimônio, nas receitas, no resultado líquido, nas margens e nos retornos, em especial para os acionistas que acreditaram durante décadas na companhia.
A evolução trimestral das cotações das ações PETR4 (Petrobras PN) reflete o desempenho em bolsa da companhia de Set/2010 a 25/Set/2015, período em que ocorreu uma desvalorização de 70%, saindo de R$22,88 para meros R$6,83:
COMENTÁRIOS FINAIS:
Mesmo considerando que a Petrobras tem, sob a ótica estratégica, condições de recuperação em longo prazo, lamentavelmente no curto prazo sua situação patrimonial e financeira é péssima e a expectativa para este ano é piorar seus resultados tendo em conta principalmente: a valorização do dólar, a manutenção do preço do petróleo, a falta de oportunidade para alienação de seus ativos e o aumento de sua dívida, sendo a maior parte em moeda americana.
"O Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 prevê investimentos de US$ 130,3 bilhões e tem como objetivos fundamentais a “desalavancagem” da Companhia e a geração de valor para os acionistas. A carteira de investimentos do Plano prioriza projetos de exploração e produção (E&P) de petróleo no Brasil, com ênfase no pré-sal. Nas demais áreas de negócios, os investimentos destinam-se, basicamente, à manutenção das operações e a projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás natural”.
Fonte: Blog
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