Por Luiz Guilherme Dias (*)
O tema deste artigo, denominado “Ciclo de Vida das Organizações”, é baseado no modelo do Professor Ichak Adizes. Trata-se de um modelo muito interessante que auxilia a compreender o motivo pelo qual algumas organizações crescem, evoluem e outras não.
Iniciamos com um princípio bastante filosófico: “tudo no universo, até o próprio universo, tem um ciclo de vida”. Animais, plantas, minerais, pessoas e empresas possuem um ciclo de vida que inclui o nascimento, o crescimento, o amadurecimento, o envelhecimento e a morte. No caso das empresas, o ciclo de vida não tem necessariamente a morte como o seu estágio final. Se a administração souber o que fazer, o envelhecimento e, até mesmo, a morte da empresa podem ser evitados. O modelo foi construído para qualquer tipo de organização: família, não-lucrativas, estatais e empresas. Nosso foco, como de costume, são as organizações empresariais, as empresas.
O modelo Adizes é baseado em uma curva em formato de sino (figura abaixo), com duas grandes fases: uma fase, à esquerda, de crescimento e uma fase, à direita, de envelhecimento. A mensagem-chave da fase de crescimento é: vamos fazer! E a mensagem-chave da fase de envelhecimento é: deixa como está... O modelo possui dez estágios, sendo: cinco estágios de crescimento, um estágio híbrido de crescimento/envelhecimento e quatro estágios de envelhecimento. O que se espera é que a empresa atinja o estágio de excelência e se mantenha lá: chegar lá é muito difícil, mas dificílimo é se manter lá.
O gerenciamento da empresa deve levar em conta cada um dos estágios desse ciclo de vida. Podemos agora conhecer cada um dos estágios da fase de crescimento e cada um dos estágios da fase de envelhecimento. Vamos fazer uma análise bastante sintética – pois esse modelo é muito vasto – sobre as principais características de cada um desses estágios: o estilo de liderança requerido e os problemas, normais e anormais, que cada estágio enfrenta individualmente.
Os problemas normais são aqueles que a empresa deve necessariamente passar na fase de crescimento para evoluir de um estágio para um estágio superior, enquanto que os problemas anormais são aqueles que devem ser evitados, pois tornam a organização “doente”, impedindo seu crescimento. Na fase de crescimento podem ocorrer problemas normais e anormais, estes se evitados permitem a evolução da empresa. Na fase de envelhecimento todos os problemas são anormais, e se superados não levariam a empresa a envelhecer. Os problemas anormais absorvem bastante energia e, muitas vezes, exigem uma intervenção terapêutica externa, em geral de um consultor.
O papel da liderança é gerenciar as mudanças para conduzir a empresa para atingir sua plenitude e o papel da gerência é manter a organização nesse estágio de excelência. Mudanças geram problemas, problemas exigem soluções e soluções trazem novas mudanças, fazendo com que a gestão da mudança se torne um ciclo interminável.
Primeiramente vamos conhecer as duas grandes fases do ciclo de vida e, em seguida, vamos apresentar para cada estágio da fase de crescimento as principais características e os principais problemas normais e anormais que as empresas enfrentam ao longo do ciclo de vida.
- No crescimento tudo é permitido, salvo se proibido. No envelhecimento é o inverso, ou seja, tudo é proibido, salvo se permitido.
- No crescimento os problemas são oportunidades. No envelhecimento as oportunidades são problemas. Ou seja, no envelhecimento todos os problemas são anormais. Em determinados estágios do envelhecimento até o cliente passa a ser um estorvo, o que constitui uma total inversão de valores.
- No crescimento a empresa tem movimento e vive a idade da intuição, enquanto que no envelhecimento a empresa tem inércia e vive a idade do julgamento.
- No crescimento o poder está nas vendas e no marketing. Já no envelhecimento o poder está em finanças e contabilidade.
- No crescimento a função é mais importante, enquanto que no envelhecimento a forma é mais importante.
- No crescimento o risco é bem aceito, por outro lado, no envelhecimento, há aversão ao risco.
- No crescimento as pessoas são mantidas pela sua contribuição independente da sua personalidade. No envelhecimento as pessoas são mantidas pela sua personalidade independente da sua contribuição.
- A gerência controla o sistema na fase de crescimento, enquanto que ela é controlada pelo sistema na fase de envelhecimento.
- No crescimento, a empresa é orientada para o futuro. No envelhecimento ela é orientada para o passado.