“Criei um aparelho para unir a humanidade, não para destruí-la” Alberto Santos Dumont, aeronauta, esportista e inventor brasileiro
Fundada em 2001 a Gol Linhas Aéreas Inteligentes conquistou a posição de 2ª maior companhia aérea brasileira em número de passageiros e em número de destinos oferecidos e a 3ª maior em frota de aeronaves. Como 1ª companhia aérea brasileira do século XX a Gol já nasceu quebrando paradigmas: foi a 1ª empresa aérea a implantar no Brasil o modelo de gestão conhecido como “low cost, low fare” (baixo custo, baixa tarifa, em tradução livre), que elimina excessos e oferece preços acessíveis a seus passageiros.
Em 2007, a Gol comprou a marca da Varig (Viação Aérea Rio-Grandense) por US$275 milhões, manteve o programa de fidelidade Smiles, adquiriu um Boeing 767 remanescente da Varig e operou algumas aeronaves com a marca da Nova Varig. Para fins de registro, a Varig foi a 1ª companhia aérea do Brasil, sendo também a maior companhia do país até 2000, quando sua marca começou a perder valor e suas dívidas foram se acumulando.
Em 2014, a Gol fechou o ano com uma participação de mercado de 32% do total de assentos oferecidos em voos domésticos e se tornou a companhia com mais participação no mercado doméstico, operando em 60 aeroportos no território brasileiro e em 23 destinos internacionais.
A seguir os grandes números da GOL com base nas demonstrações financeiras consolidadas publicadas nos 9M2015:
Veja agora o que o nosso Banco de Dados SABE tem a mostrar sobre a evolução de receitas e endividamento da GOL de 2003 a 2014, sobre o “Radar” de informações e indicadores financeiros de 2010 a 2014, sobre a comparação do resultados dos 9M2014 contra os 9M2015 e também como foi o desempenho em bolsa das ações GOLL4 (GOL PN) nos últimos 4 anos.
A GOL iniciou um processo de elevado endividamento a partir de 2011, ocasião em que suas receitas ficaram abaixo do nível de suas dívidas.
Nos últimos 5 anos a GOL apresentou um desempenho decrescente em termos patrimoniais, atingindo uma situação grave em 2014 com PL negativo de R$333milhões. As receitas nesse período cresceram com CAGR de 7,60% ao ano, pouco acima da inflação. De 2012 para cá a Gol vem apresentando prejuízos anuais. Como consequências as margens e rentabilidades da Gol vêm se deteriorando.
Observando agora o curto prazo, a planilha abaixo apresenta o desempenho da GOL através da comparação de informações e indicadores de 9M2014 X 9M2015:
Nos 9M2015 observamos crescimento elevado do endividamento total, situação grave de insolvência com PL negativo de R$3,2bilhões agravado por queda drástica de resultados intermediários levando a prejuízo em valor idêntico de R$3,2bilhões. Manteve continuidade das perdas de margens, de liquidez e rentabilidades apuradas em 2014.
As ações GOLL4 tiveram uma desvalorização de 85% de 30/Mar/2011 a 04/Mar/2016. A cotação do papel saiu de R$21,65 e caiu atingindo R$3,16 no final desse período (a cotação máxima no período foi de R$21,65) superando de longe as perdas do Ibovespa que teve nesse intervalo uma queda de 28%.
COMENTÁRIOS FINAIS:O crescimento econômico que trouxe aumento do crédito e da renda a partir de 2004 acabou no ano de 2015. A queda do poder aquisitivo reduziu a demanda por viagens aéreas impulsionada nos últimos anos pela classe C. Além disso, as viagens de negócios que representavam 65% do total das receitas foram impactadas pela crise do país. Como consequência o “tempo fechou” para as empresas aéreas.
Entre as companhias aéreas brasileiras, a Gol é a que está em situação mais grave. Nos 9M2015 a Gol teve um prejuízo líquido de R$3,2 bilhões devido à queda de receitas e também pela alta do dólar que aumentou seus custos: mais de 60% das despesas são atreladas ao dólar, em especial o combustível e o leasing dos aviões.
Segundo os especialistas uma das principais dificuldades que a Gol enfrenta é a sua concentração de voos no Brasil que está em recessão. Para enfrentar a crise a companhia fará cortes de pessoal e reduzirá a oferta de assentos afetando em cerca de 5% do número de decolagens no 1º semestre de 2016. Deixará também de voar para Miami e Orlando nos EUA, além de Caracas e Aruba.
Mesmo atrasado o Governo conseguiu marcar um “gol” ao anunciar via MP a permissão de aumento de 20% para 49% do capital estrangeiro nas companhias aéreas para atenuar a crise do setor. Além disso, estuda medidas para reduzir o custo das empresas aéreas, eliminando a obrigatoriedade de assistência aos passageiros em situações de atraso ou cancelamento de voos devido a problemas meteorológicos e permitindo aumento de cobrança nas bagagens acima de 10 kg. O mercado recebeu as medidas com otimismo, sendo um 1º passo para atenuar a grave crise do setor aéreo.
A SABE Consultores tem o propósito de compartilhar informações úteis e atualizadas sobre as empresas brasileiras com professores, universitários, contadores e investidores individuais. Manteremos você atualizado, como de costume, com novas informações extraídas do nosso Banco de Dados SABE.
Aproveite para deixar o seu comentário ao final desta página sobre o desempenho da GOL dentro do atual cenário de recessão econômica que está impactando todos os setores da economia, em particular o de Aviação Aérea.
Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.