“Com o parceiro errado, nem o melhor negócio vale a pena” Warren Buffett
Por Luiz Guilherme Dias A história do BTG Pactual começa em 1983 com a fundação da BTG DTVM comandada por Luiz Cesar Fernandes com operações de proprietary trading e securities sales and trading. Em 1996 a instituição já operava como um Banco completo (Banco Pactual), com vários escritórios espalhados pelo Brasil. Em 2006, o banco suíço UBS AG adquiriu o Pactual por US$3bilhões, se tornando o UBS Pactual, operando como uma divisão do UBS nos países latino-americanos, com André Esteves no comando de todas as operações latino-americanas do UBS. Em 2008, Esteves deixou o UBS Pactual para fundar a BTG Investments, juntamente com outros nove sócios-fundadores do UBS AG e do UBS Pactual incluindo Persio Arida, ex-presidente do Banco Central. Com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Iorque, Hong Kong e Londres, o BTG operava em investimentos macro e de private equity globais. Em 2009, a BTG Investments comprou o UBS Pactual por US$2,5bilhões daí surgindo o BTG Pactual. Esteves dirigiu o Banco com a estrutura de uma sociedade, onde todos os sócios são executivos da instituição. As participações na sociedade são revisadas a cada ano, de acordo com o desempenho individual e a contribuição do grupo como um todo. Em 2010, o BTG captou US$1,8bilhões em equity investments de um consórcio de investidores e de investidores institucionais. Os sócios do Banco mantiveram o controle do banco, com uma participação próxima a 80%. A expansão continuou em 2011 quando o BTG Pactual assumiu por R$450milhões o controle do Banco Panamericano (Grupo Silvio Santos) em regime de parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF). Neste mesmo ano o banco adquiriu a Brazilian Finance & Real Estate por R$1,2bilhões entrando no setor imobiliário e se tornando o maior administrador brasileiro de fundos de investimento do setor imobiliário. Em 2012 o BTG Pactual fez o seu IPO (Oferta Pública Inicial) na Bolsa brasileira captando R$3,7bilhões através de uma oferta primária incluindo ações do Banco BTG Pactual S.A. (operações de investment banking) e do BTG Pactual Participations (veículo offshore para investimentos de planejamento fiscal/tributário). BBTG11 é o ticker da ação na Bovespa, que reúne (UNIT) as três ações. Também em 2012 o BTG Pactual comprou a Celfin Capital (banco de investimento chileno US$245milhões) e a Bolsa y Renta (corretora colombiana por US$52milhões) crescendo na América do Sul. Em 2013 o BTG Pactual adquiriu contratos de gestão de ativos florestais da RTG (Regions Timberland Group) tornando o Banco o maior gestor de ativos florestais independente na América Latina e um dos maiores do mundo, com ativos de cerca de US$3 bilhões e uma carteira de mais de 716 mil hectares, diversificados nos Estados Unidos, América Latina, Europa e África do Sul. Em 2014 comprou a Ariel Re (resseguradora britânica por valor não divulgado) e o BSI (banco suíço por US$1,7bilhôes) expandindo as suas operações na Europa. Atualmente com um total de 3.000 funcionários (50% no Brasil) distribuídos em 18 países no mundo, o BTG Pactual ocupa a 8ª posição no ranking de bancos do país, operando diversas linhas de negócios, como: Investment Banking (assessoria financeira em fusões e aquisições, subscrição de títulos dos mercados de capital de dívida e de renda variável), Corporate Lending (empréstimos e financiamentos para empresas), Sales and Trading (formação de mercado, corretagem/compensação e derivativos para hedging e trading) e Asset Management (administração de ativos para clientes locais e internacionais). O Grupo tem participações nas seguintes empresas: Estapar (administração de estacionamentos), Brazil Pharma (rede de farmácias), Mitsubishi Motors do Brasil (montadora de carros), Bravante (serviços offshore para o setor de Oil&Gas), Estre (remoção e tratamento de resíduos), CCRR (papéis especiais), UOL (portal do web e operador de centro de dados), BodyTech (rede de academias), Leader (rede de varejo de roupa e eletroeletrônicos) e BR Properties (administração imobiliária). Até aqui tudo bem, mas no dia 25 de Novembro de 2015, André Esteves foi preso sob a acusação de conspirar e negociar a fuga para a Espanha de Nestor Cerveró (ex-diretor da Petrobrás, preso durante a Operação Java a Jato), caso este recebesse um “habeas corpus”. Como consequência, as ações do BTG Pactual na BM&FBovespa chegaram a recuar 30% por conta do temor de uma insolvência provocada por uma corrida de saques. No lugar de Esteves o sócio-fundador Pérsio Arida assumiu interinamente a presidência da instituição. A seguir os grandes números do BTG Pactual com base nas demonstrações financeiras individuais publicadas nos 9M2015:

Fonte: SABE © Nos últimos cinco anos (2010 a 2014) observamos um sólido crescimento do ativo, patrimônio e resultado líquido com taxas compostas (CAGR) entre 21% e 37% ao ano. Por outro lado houve forte redução do Resultado Bruto da Intermediação Financeira em 2014 (Despesas superando as Receitas). Boas rentabilidades com margem líquida crescendo 4,5% ao ano e retorno do acionista crescendo a quase 10% ao ano. Olhando agora o curto prazo, a planilha a seguir mostra o desempenho do Banco através da comparação de informações e indicadores de 9M2014 X 9M2015:

Fonte: SABE © Percebemos a continuidade dos aumentos dos crescimentos dos últimos cinco anos, em especial das receitas de intermediação e do lucro líquido que cresceram a taxas acima de 50% ao ano. Da mesma forma que em 2014 o resultado bruto da intermediação financeira foi negativo em mais de R$9bilhões devido ao elevado aumento das despesas de intermediação que praticamente triplicaram nos últimos 12 meses.

Fonte: APLIGRAF © O gráfico da evolução trimestral das cotações das ações BBTG11 (BTG Pactual UNT) ilustra o desempenho em bolsa do Banco em mais de 3 anos, com uma queda (-11%) no preço do papel, que saiu de R$26,56 no 2º Trim/2012 para atingir R$23,70 em 26/Nov/2015 (cotação máxima no período foi de R$32,92). No mesmo período o Ibovespa teve uma queda de 13%, de 54.354 pontos para 47.145 pontos. COMENTÁRIOS FINAIS: Como noticiado em 26/Nov/2015 na coluna de Miriam Leitão no O Globo, dia seguinte ao do episódio que surpreendeu todo o mercado, “o que levou André Esteves a se envolver no tipo de negócio que o colocou na prisão”? De fato, após pilotar um banco que alcançou R$188bilhões em ativos em 30/09/2015 e cresceu a taxas invejáveis nos últimos seis por que o BTG interrompeu bruscamente sua trajetória de sucesso? Será que é porque no Brasil é assim mesmo? Lembra-se do Grupo EBX? Resta então a reflexão sobre as parcerias que o BTG realizou com o Governo, primeiro sendo sócio da Caixa Econômica Federal “para salvar” o Banco Panamericano da quebradeira, depois sendo parceiro da Petrobras em variados negócios. Esperamos que a história de um “menino prodígio” de classe média, morador de um bairro na zona norte do Rio, que começou jovem no mundo bancário como um técnico de TI e se transformou num bilionário em pouco tempo não carregue o estigma do “o que vem fácil, vai fácil” ou na linguagem do mercado “easy comes, easy goes”. A conferir... Lamentamos que companhias brasileiras como o BTG Pactual que crescem de forma meteórica, diferentemente de crescimentos progressivos como ocorriam há 30 anos atrás, não consigam evitar a influência nefasta de malfeitos políticos, diminuindo ainda mais a confiança para o desenvolvimento do nosso país. Seguindo nossa missão de prover conteúdo útil sobre as empresas brasileiras, manteremos você atualizado com novas informações sobre as companhias do mercado extraídas do nosso Banco de Dados SABE. Deixe o seu comentário ao final desta página sobre o Banco BTG Pactual.
