“As Bolsas de Valores, como os aviões, são 100% seguras: todo avião que sobe, desce”
Joelmir Betting, jornalista
Os fundamentos econômicos praticamente perderam sentido nas decisões de investimentos em ações em plena safra de publicação de balanços como “nunca antes na história desse país”. O Ibovespa neste ano de 2016 vem oscilando de acordo com os acontecimentos políticos: se aumenta a probabilidade de impeachment da presidente Dilma Roussef, a bolsa sobe e vice-versa. Como a chance de impeachment é alta o Ibovespa subiu este ano mais de 20% superando de longe as demais bolsas do mundo, inclusive Nyse e Nasdaq. A média diária de volume negociado na Bovespa em março até o dia 17 foi de R$10,3 bilhões, enquanto que acumulada em janeiro e fevereiro foi de R$11,3 bilhões. (Fonte: O Globo – 20/Mar/2017)
O posicionamento de investidores na Bovespa até 17/Mar/2016 apresentou um comportamento curioso: o saldo de aplicações de investidores estrangeiros anulou o de investidores brasileiros. Explicando melhor: o saldo de aplicações de compra/venda por investidores estrangeiros totalizou R$5,99 bilhões (cerca de R$70 bilhões de compras contra pouco mais de R$64 bilhões de vendas), enquanto que o saldo de aplicações líquidas de investidores nacionais representados por Investidores Institucionais (-R$3,38 bilhões), Pessoas Físicas (-R$2,1 bilhões), Instituições Financeiras (-R$0,28 bilhões) e Empresas (-R$0,23 bilhões) totalizou os mesmos R$5,99 bilhões, mas negativos. Coincidência até prova em contrário, não?
Por outro lado o posicionamento desses investidores continua o mesmo, como há tempos atrás: Investidores Estrangeiros e Institucionais respondem por 81% das compras de títulos contra 19% dos demais aplicadores (individuais, instituições financeiras e empresas). Veja a seguir como se comportou o Ibovespa nos últimos 5 anos e nos últimos 2 meses e meio de 2016.
O Ibovespa teve uma queda próxima a 26% nos últimos 5 anos, de Jan/2011 até 18/Mar/2016. Já nos primeiros dois meses e meio de 2016 teve uma subida de mais de 20% em real e 29% em dólar. O motivo desta “recuperação” nada tem a ver com os fundamentos econômicos ou com os resultados dos balanços de 2015, mas sim com o “sobe-e-desce” ininterrupto provocado pelas “lambanças” do nosso Governo.
COMENTÁRIOS FINAIS:Estamos em plena temporada de publicação dos balanços de 2015 e, lamentavelmente, em plena temporada de definição do rumo do governo do país com novidades imprevisíveis a cada meia hora. O que está mandando é a política, obviamente. As nossas empresas estão nas sombras, infelizmente. Quando teremos em nosso país a política subordinada à economia?
A incerteza continua, o mercado aposta na mudança do governo e, com isso, a bolsa deverá ter aumento de “apostas” e especulações de curto prazo principalmente por investidores estrangeiros que estão aproveitando os preços atraentes. Atenção: nada contra enquanto estiverem trazendo volume e liquidez!
Além disso, os juros nos EUA não deverão subir como esperado, fazendo do Brasil (mesmo sem grau de investimento) um mercado de altos retornos no curto prazo. Vamos torcer para que, no menor tempo possível, a tempestade se dissipe, a confiança se restabeleça e os investimentos de longo prazo retornem apoiando o desenvolvimento fundamentado e sustentável da nossa economia.
A SABE Consultores tem o propósito de compartilhar informações úteis e atualizadas sobre as empresas brasileiras com professores, universitários, contadores e investidores individuais. Manteremos você atualizado, como de costume, com novas informações extraídas do nosso Banco de Dados SABE.
Aproveite para deixar o seu comentário ao final desta página sobre o desempenho atual da nossa Bolsa de Valores no cenário de incerteza política e econômica que nosso país enfrenta. Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.