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IPO: modismo ou crescimento?
15/10/20202020: Um ano histórico para IPOs
O ano de 2020 já entrou para a história do mercado de ações. O volume financeiro dos IPOs e ofertas subsequentes (follow-ons) até o dia 9 de outubro alcançou R$ 94 bilhões e supera, nominalmente, em R$ 4,5 bilhões toda a captação de 2019 e em R$ 24 bilhões o segundo melhor período da bolsa, ocorrido em 2007, quando o volume total chegou a R$ 70 bilhões.
Em 2007, a janela de ofertas de ações teve o melhor desempenho em termos de IPOs: das 76 operações, que captaram R$ 70,1 bilhões, 64 foram aberturas de capital, com um volume somado de R$ 55,6 bilhões.
O recorde de R$ 149 bilhões em 2010, desconsidera a mega-capitalização da Petrobras, que levantou R$ 120 bilhões, auge da euforia com a exploração do pré-sal. Naquele ano, sem considerar a estatal, o volume de ofertas somou apenas R$ 29 bilhões. Confira a evolução de ofertas desde 2007 no gráfico abaixo. Fonte: Valor Econômico. Continue lendo...
Muitos IPOs não devem prosperar
Especialistas do mercado identificam nos atuais IPOs, alguns com consistência nos planos de negócios e outros não. Algumas empresas, que estão no limiar de recuperação judicial, levantaram recursos com IPO, mas contam com plano de negócios frágil. As estimativas apontam para um cenário ruim onde um terço dos IPOs não vai dar certo nos próximos anos.
Em 2007 o setor imobiliário teve uma “enxurrada” de IPOs, mas dois anos depois, das 12 empresas listadas, nove valiam 5% do valor de seus IPOs. Houve uma bolha que explodiu e machucou os investidores dessas empresas e bancos, com a necessidade de reestruturações.
A PDG REALTY é um caso em que chegou a ter 30 mil credores, inclusive pessoas físicas que pagavam à vista um apartamento que não estava pronto. Em 2017 a PDG entrou com pedido de recuperação judicial amargando dívidas superiores a R$ 7,7 bilhões, e paralisou obras. Hoje a PDG enfrenta um patrimônio líquido negativo de mais de R$ 5 bilhões, uma dívida líquida de quase R$ 7 bilhões, sem geração de caixa.
Confira a seguir o desempenho no 1º Semestre de 2020 sobre uma amostra de 10 empresas de diferentes setores que fizeram IPOs em 2020 com os números dos balanços do Banco de Dados SABE©.
Desempenho dos IPOs 2020
A boa notícia é que todas as companhias dessa amostra abriram seu capital sendo listadas no Novo Mercado (NM), segmento para negociação de ações de emissão de empresas que se comprometem voluntariamente a adotar práticas de elevada governança corporativa, além daquelas exigidas por lei, o que é um bom sinal.
Entretanto, são poucas as companhias com bom desempenho nos seis primeiros meses de 2020, a saber:
· Duas empresas estão com EBITDA negativo (Grupo Soma e Moura Dubeux) e outras duas geraram um EBITDA próximo de zero: Mitre Realty e Priner;
· Cinco empresas apresentaram prejuízo (D1000, Estapar, Soma, Moura Dubeux e Priner) e outras três valores muito baixos (Locaweb, Mitre e Quero-Quero). Só duas escaparam: Ambipar com R$ 23 milhões e Pague Menos com R$ 18 milhões;
· Sob a ótica do grau de endividamento, o quadro não anima: apenas 3 companhias (Locaweb, Mitre e Priner) estão em situação confortável; Ambipar possui alavancagem abaixo do nível de alerta (3 vezes). Com elevadas alavancagens estão D1000, Estapar, Pague Menos e Quero-Quero. E enfrentando insolvência por conta de geração negativa de caixa estão a Soma e a Moura Dubeux;
· Por último olhando o retorno do acionista (ROE) só escapa a Ambipar com um ROE de 18%. As demais apresentaram retornos insignificantes ou deteriorados por conta dos prejuízos.
CONCLUSÃO
Somos de opinião que investir em companhias novatas, sem tradição histórica de demonstrações financeiras, traz um elevado risco. Além disso, analisar os prospectos de ofertas exige um trabalho enorme, nem sempre possível no curto prazo, de compilação de dados para análise e tomada de decisão.
Os IPOS listados neste alerta realmente não animam, o que não significa que as empresas emissoras que recentemente abriram seu capital não sejam boas. Isso só o tempo dirá. Por outro lado, cabe o registro que estamos ainda no meio de uma pandemia cujo desfecho ainda é incerto. Dessa forma, vamos torcer para a economia real voltar a se desenvolver brevemente e as empresas veteranas e novatas em bolsa prosperarem gerando emprego e renda.
TERMO DE RESPONSABILIDADE (DISCLAIMER)
A SABE não pretende nem se dispõe a ensinar/instruir como investir no mercado de ações nem, muito menos, quais e quando comprar/vender ações: para isso recomendamos consultar a sua Corretora. SABE é o suporte imprescindível para quem já atua neste mercado ou já tomou a decisão de nele participar.
O SABE Alerta é apenas a “ponta de um iceberg” quando comparado ao acervo de informações que o Big Data SABE tem à disposição de investidores e gestores de investimentos em ações: são 140.000 demonstrações financeiras padronizadas de TODAS as companhias abertas desde 1994 e os preços ajustados de suas ações dos últimos cinco anos.
Luiz
Guilherme Dias
SABE | Inteligência em Ações da Bolsa
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