Por Luiz Guilherme Dias | 10/12/2015.
O site BBC Brasil noticiou em 7/Dez/2015 a proposta de um projeto de lei por deputados federais para o novo Código da Mineração, que define as regras do setor. As mudanças vão de tópicos socioambientais a valores de multas em caso de infrações. O valor máximo da "multa administrativa simples" para empresas mudou três vezes: no original era de R$ 1 milhão, depois passou a R$ 5 bilhões, e terminou fixada em R$ 100 milhões.
A empresa “bola da vez” do setor é a Samarco que, mesmo sendo contemplada na edição de 2015 pela “Maiores e Melhores” da Exame como a “melhor” empresa do setor de Mineração, enfrenta hoje o grande desafio provocado pelos embargos de suas atividades pelo Governo do Estado de MG por considerá-la responsável pelo rompimento de duas barragens de rejeitos de mineração de ferro no município de Mariana, com a perda de muitas vidas humanas na comunidade de Bento Rodrigues e entorno, crise no abastecimento hídrico de cidades do vale do Rio Doce, e catástrofe ambiental nos corpos d'água afetados e nos maiores refúgios de mata atlântica do estado, atingindo também cidades do estado do Espírito Santo. Leia mais sobre a Samarco no nosso artigo intitulado “SAMARCO – destruição com causa técnica ou ética?” publicado em 08/Dez/2015.
Os principais aspectos do setor de Mineração que merecem atenção são: efeitos do dólar sobre as exportações, comportamento da demanda chinesa, pressão das siderúrgicas sobre os preços praticados e expansão via aquisições.
O Setor de Mineração no Brasil é representado por 15 empresas, sendo 12 de capital fechado e apenas 3 negociadas em Bolsa (Magnesita, MMX e Vale). A Vale é a maior empresa do setor com vendas na ordem de R$88bilhões seguida da Samarco com receitas na casa dos R$7,8bilhões: ambas representam cerca de 87% do market share do setor, sendo os 13% restantes compartilhados por 13 empresas. Oito das quinze empresas possuem controle acionário brasileiro e também oito empresas do setor possuem sede no estado de MG. Veja a seguir informações em gráfico e planilha de dados da divisão do setor por percentuais das vendas das empresas em 2014.
Veja agora o que o nosso Banco de Dados SABE tem a revelar sobre a evolução das três companhias com ações negociadas em Bolsa do Setor de Mineração na comparação dos 9M2015 contra igual período de 2014. Veja também como foi o desempenho em bolsa das ações das companhias do setor em mais de quatro anos.
- MAGNESITA: aumento de 15% das receitas com forte redução do patrimônio líquido (26%), elevado aumento do nível de endividamento em relação ao PL (60%), sem possibilidade de oferecer no momento retorno ao acionista;
- MMX MINER: situação muito difícil com característica de insolvência (PLs negativos nos dois períodos), queda significativa das receitas (100%), além de prejuízos nos dois períodos, embora com leve recuperação nos 9M2015; acionista sem retorno;
- VALE: crescimento patrimonial, com aumento do grau de endividamento; forte queda do resultado líquido criando prejuízo de quase R$12bilhões e retorno do acionista negativo em 9M2015.