“Os excessos da nossa juventude são saques sobre a nossa velhice, pagáveis com juros cerca de trinta anos mais tarde”. Charles Colton (1780-1832), escritor inglês.
Por Luiz Guilherme Dias Mais do que maior empresa do país a Petrobras é um símbolo nacional como destaca o perfil no seu site: “Somos movidos pelo desafio de prover a energia capaz de impulsionar o desenvolvimento e garantir o futuro da sociedade com competência, ética, cordialidade e respeito à diversidade”. Toda a sociedade brasileira e grande parte estrangeira, incluindo acionistas, investidores, funcionários, clientes, fornecedores, governo, enfim todos os seus “stakeholders” torcem para que a petrolífera saia do buraco em que se meteu principalmente por conta das trapalhadas da Operação Lava a Jato. Em notícia publicada no dia 21/Nov/2015 o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que “O mais importante sobre a Petrobras é que a companhia está tomando medidas para enfrentar seus desafios. Eles têm dinheiro suficiente para trabalhar. O Brasil está no meio de uma consolidação fiscal”. Para o ministro a Petrobras não precisa de aporte de capital no curto prazo, mas ele não descarta uma possível ajuda do Governo, seu principal acionista, no futuro. A ver... Publicamos dois artigos sobre a Petrobras intitulados “Petrobras: destruição de US$160bilhões em valor de mercado” e “Petrobras: vai ou não vai?”, ambos procurando mostrar os enormes desafios que a empresa enfrenta para se recuperar financeiramente e reduzir seu gigantesco endividamento: alta do dólar, corte de pessoal próprio e terceirizado, desinvestimentos, revisão de contratos e disciplina de custos, dentre outros ligados à gestão e governança da empresa. A questão do elevado endividamento líquido de R$541 bilhões até os 9M2015, dos quais cerca de 80% em dólar é o principal fator crítico para a recuperação financeira da Petrobras. O gráfico a seguir ilustra a evolução do endividamento líquido versus receita líquida anualizada, em R$bilhões, desde 1994 até os 9M2015. Cabe observar que a partir de 2012 o crescimento da dívida tornou-se superior ao da receita da companhia. Além disso, de 2010 aos 9M2015 a dívida líquida da Petrobras cresceu a uma taxa composta de 20,19% ao ano, enquanto que a receita líquida teve essa mesma taxa de 6,77% ao ano, o que é muito preocupante. Olhando agora o curto prazo, a planilha a seguir mostra o desempenho da companhia através da comparação de informações e indicadores de 9M2014 X 9M2015: A dívida líquida da companhia cresceu mais de 27%. A queda do lucro de quase 92% provocou uma redução no patrimônio líquido de 15%. Por outro lado, o resultado operacional medido pelo EBIT teve forte melhora crescendo 148%. As margens bruta e EBIT acompanharam o resultado operacional crescendo 31% e 164%, respectivamente, mas o retorno do acionista caiu bastante (90%) e também a liquidez de curto, quase 5%. O gráfico da evolução trimestral das cotações das ações PETR4 (PETROBRAS PN) mostra o desempenho em bolsa da companhia em mais de 4 anos, com uma forte queda (-66%) no preço do papel, que saiu de R$23,18 no 4º Trim/2010 para atingir R$7,84 em 19/Nov/2015 (cotação máxima no período foi de R$23,18). No mesmo período o Ibovespa teve uma queda de 31%, de 69.304 pontos para 48.138 pontos. COMENTÁRIOS FINAIS: Para os analistas do mercado a principal preocupação é, como já dissemos, o enorme endividamento da companhia. Até o 1º semestre de 2015 os resultados da Petrobras foram prejudicados principalmente pelos efeitos da Operação Lava a Jato da PF e pelo pagamento de passivos tributários. Nos 9M2015 os principais fatores foram a valorização do dólar de quase 30% em relação ao real aumentando o montante da dívida e a nova queda do preço do barril de petróleo atualmente na casa dos US$44/barril reduzindo as receitas da companhia. Por conta do crescimento de 8% da produção de óleo e gás dos 9M2015 para os 9M2015, alcançando 2,6 milhões de barris/dia, os resultados operacionais da companhia melhoraram. Como a Petrobras não pode contar com a “varinha mágica do Harry Potter”, como afirmou seu Diretor Financeiro, Ivan Monteiro, a saída é perseguir os objetivos e as metas do Plano de Negócios que inclui a reestruturação da dívida da companhia. Além disso, o executivo vai “dar a volta ao mundo” para buscar compradores de ativos como a BR Distribuidora, seguindo a política de desinvestimentos da empresa e visando a sua menor alavancagem financeira. Segundo o Diretor Monteiro, “se a companhia der lucro paga dividendos, se não der não paga”. Estes tipos de medidas agradam o mercado, pois são iniciativas necessárias à recuperação da Petrobras, desejo de muitos brasileiros. Seguindo nossa missão de prover conteúdo útil sobre as empresas brasileiras, manteremos você atualizado com novas informações sobre as companhias do mercado extraídas do nosso Banco de Dados SABE. Deixe o seu comentário sobre como você avalia o futuro da nossa Petrobras. Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro CertificadoBlog
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