Por Luiz Guilherme Dias
Dados do Observatório das Multinacionais Brasileiras da ESPM mostram que o Brasil tem cerca de 400 empresas multinacionais, espalhadas por 56 países, o que deve ser motivo de orgulho para nós brasileiros. A Forbes apontou dez dessas empresas como destaques da lista, sendo sete com ações negociadas na Bovespa: Alpargatas, BRF, DMS Logistics, Embraer, Artecola, Fibria, JBS, Stefanini, Vale e WEG.
Um levantamento feito pela Fundação Dom Cabral mostra que a internacionalização de uma amostra de 62 multinacionais brasileiras cresceu 7% em 2014, passando de 22,9% em 2013 para 24,5%. Em 2013, o mesmo índice havia crescido apenas 1,6%.
Outro estudo mais recente feito em 05/Nov/2015 pela FGV em parceria com a USP aponta o crescimento maior que 50% na internacionalização das empresas brasileiras entre 2010 e 2015. Eram 95 empresas há cinco anos; hoje mesmo em um cenário econômico adverso, com dólar alto, 210 empresas brasileiras operam no exterior.
“As multinacionais que conseguem sobreviver num ambiente de negócios inóspito como o brasileiro, com alta carga tributária, crédito escasso e burocracia acabam crescendo num ritmo mais forte lá fora, onde há mais previsibilidade e estabilidade da economia, além de um ambiente de negócios mais favorável. Ao se estabelecer no exterior, elas têm acesso ao crédito mais barato, num ambiente mais estável e menos burocrático e com isso crescem mais” - explica Sherban da Fundação Dom Cabral.
Já o pesquisador da USP, Felipe Borini, assinala que “se antes o que motivava as empresas era a busca por novos mercados, agora o acesso às tecnologias é o fator mais preponderante para a internacionalização”. Por conta da defasagem em nosso país no campo tecnológico as empresas passaram a buscar uma distância menor para concorrentes com atuação internacional.
As multis brasileiras mantêm a tendência de obter maior margem de lucro no mercado doméstico. Mas, em 2014, a diferença entre a margem de lucro doméstica e a do mercado internacional diminuiu em relação a anos anteriores, ficando em 15,4% e 10,5%, respectivamente, frente aos 16,3% e 8,7% verificados em 2013 - diz o pesquisador da Fundação Dom Cabral.
Veja agora o que o nosso Banco de Dados SABE tem a mostrar sobre a evolução de receitas e resultados líquidos de 80 empresas não-financeiras do IBrX-100 (Índice Brasil 100) no período de 2005 a 2014.
Os gráficos acima permitem observar a evolução crescentre das receitas líquidas com taxa anual composta CAGR de 12,83% ao ano, enquanto que os resultados líquidos da mesma amostra indicam evolução decrescente com CAGR de -7,13% ao ano. De 2005 até 2010 os resultados acompanharam as receitas, mas de 2010 até 2014 a queda dos resultados despencou de R$124bilões para R$29bilhões, equivalente a uma perda de 328%!!!
É sabido que nem todas as empresas da carteira do IBRX100 estão internacionalizadas, mas possuem potencial para crescer mais buscando novas tecnologias, acessando crédito mais barato, operando num ambiente mais estável e menos burocrático. Fica aqui a reflexão: até quando o Brasil aguenta perder oportunidades de negócios para países estrangeiros com uma economia fraca, instável e imprevisível?
Deixe o seu comentário sobre como você avalia a questão do aumento da internacionalização das empresas brasileiras no exterior ou solicite uma pesquisa do seu interesse. Pode ser sobre companhias, setores ou mesmo temas ligados ao mercado de capitais. Até a próxima!
Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado
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