“A vantagem de dever muito sobre dever pouco é que, quando devemos pouco, temos de ir ao banco. Quando devemos muito, o banco vem a nós” Millor Fernandes – Humorista
Em um artigo nosso publicado sob o título “Grandes Bancos Brasileiros – até quando vão os recordes de lucros?” chamamos atenção para o fato que a fragilidade da economia, o crescimento do desemprego, a queda da renda junto com os efeitos perversos da Lava Jato poderiam levar os bancos brasileiros, principalmente os grandes, a enfrentar um novo ciclo desafiador. A grande questão, dizíamos, é que o ciclo de lucro crescente apoiado no crédito de baixo risco acabou para os maiores bancos brasileiros. "Os bancos estão vivendo o final de um ciclo benigno, de redução do risco da carteira e alta da Selic, e começando outro, cuja extensão dos problemas nós não sabemos", afirmou um renomado analista do mercado.Neste artigo vamos mostrar, com base em nosso Banco de Dados SABE, a comparação das informações/indicadores financeiros atualizados até 30/Set/2016 contra igual período de 2015 de 15 bancos com balanços publicados, como também dos 4 maiores bancos do país: Bradesco, Banco do Brasil, Itauunibanco e Santander BR.:
Na comparação dos grandes números de 9M2015 contra 9M2016 do conjunto dos 15 bancos quatro observações merecem especial atenção:
- Ativos, Depósitos Totais, Créditos Totais e Receitas da Intermediação financeira ficaram praticamente estáveis;
- Despesas de Intermediação Financeira tiveram queda expressiva;
- Resultado Bruto obteve um tremendo aumento decorrente da forte recuperação de Bradesco e BTGP Banco que tiveram nos 9M2015 este indicador negativo em R$18 bilhões e R$9 bilhões, respectivamente;
- Finalmente, a queda violenta de 23,15% dos resultados líquidos, confirmando a expectativa do mercado há cerca de um ano.
Olhando agora os números dos 4 maiores bancos podemos perceber com mais detalhes o comportamento de desempenho decrescente com queda de lucros e do retorno do acionista (ROE). Vale lembrar que há 3 anos os 2 maiores bancos (Itauunibanco e Bradesco) disputavam retornos da ordem de 22-23%, nos últimos 12 meses de 19-20% e nos 9M2016 na faixa de 15%. Para melhor visualização apresentamos na sequência gráficos ilustrativos.
COMENTÁRIOS FINAISComo vimos afirmando em nossos artigos, quando o cenário econômico é ruim para os bancos percebemos um sintoma ruim para o conjunto das companhias: as empresas precisam renegociar suas dívidas num momento de juros elevados e créditos escassos, ao mesmo tempo em que os bancos reduzem seus empréstimos e passam a se concentrar em controle de inadimplência e renegociação de contratos.
Sobre o Itauunibanco, de acordo com notícia veiculada em 31/Out/2016, o índice de inadimplência das operações de crédito vencidas acima de 90 dias atingiu 3,9%, 0,3 ponto percentual maior ante o 3º trimestre de 2015 e 0,9 ponto maior em 12 meses. Segundo a direção do banco, essa alta refletiu a operação de uma empresa de grande porte no Brasil, cujo nome não foi revelado. Sem isso, o índice teria ficado estável. A provisão feita pelo Itauunibanco para perda esperada com calotes somou R$6,169 bilhões, queda de 2,7% na comparação trimestral e alta de 2,9% sobre um ano antes. Nos 9M2016, as despesas com provisões para crédito de liquidação duvidosa subiram 16,3% em relação a um ano antes e são apontadas no relatório do Itaú como uma das razões para a redução do lucro. (Fonte: G1 – Globo).
Em relação ao Bradesco, de acordo com o relatório do banco em 10/Nov/2016, a redução do lucro foi "impactada, em boa parte, pelo aumento da despesa com provisão para devedores duvidosos". Trata-se de uma reserva de capital que o banco faz para se previnir de calotes nas operações de crédito. O banco explicou que aumentou as provisões devido à elevação da inadimplência, reflexo da recessão, e da necessidade de ajuste "do nível de provisionamento de determinadas operações com clientes corporativos". O índice de inadimplência superior a 90 dias encerrou setembro de 2016 em 5,4%. Em Set/2015, era de 3,8%. Desconsiderando o efeito da consolidação do HSBC Brasil, este índice seria de 5,2%. (Fonte: G1 – Globo).
A SABE Consultores tem o propósito de “organizar informações financeiras sobre as empresas brasileiras e torná-las acessíveis e úteis” e acredita que as empresas vencedoras e que vieram para ficar são as que buscam criar valor para TODOS os seus “stakeholders”. Manteremos você atualizado com novas informações extraídas do nosso Banco de Dados SABE.
Aproveite para deixar o seu comentário ao final desta página sobre este Artigo. Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.