“O futuro não é mais incerto que o presente” Walt Whitman – Poeta, Ensaísta e Jornalista
Em um artigo nosso publicado sob o título “Temporada de Balanços 1S2016: Retorno baixo e endividamento elevado” informamos que o desempenho das Empresas no 1º semestre de 2016 continuou bastante fraco, mesmo com a ajuda da violenta queda do dólar americano que distorceu a maioria dos indicadores: queda real de vendas, redução de margens bruta, operacional e líquida, relação dívida/geração de caixa perigosamente alta, retorno ao acionista muito fraco.
Neste artigo vamos mostrar, com base em nosso Banco de Dados SABE, a comparação das informações financeiras atualizados até 30/Set/2016 contra igual período de 2015 de 279 empresas com balanços publicados, além de apresentar os 10 maiores indicadores de desempenho financeiro.
A comparação dos grandes números dos 9M2015 contra os 9M2016 do conjunto das 279 empresas induz a um quadro de melhora expressiva de desempenho suportado por redução de dívidas, aumento significativo de resultados líquidos e aumento forte da rentabilidade patrimonial.
Entretanto, pela ótica dos resultados líquidos infelizmente a realidade é outra: os 10 maiores lucros representam 87% do total das 279 empresas e cresceram 942%, de R$5,2 bilhões para R$54,4 bilhões, dos 9M2015 para 9M2016, distorcendo violentamente o aparente crescimento de resultados. Os 10 maiores prejuízos também reforçaram a melhora do conjunto, pois aumentaram 596%, de R$3,6 bilhões para R$25,3 bilhões, nos mesmos períodos.
Excluindo os resultados líquidos de 7 companhias (Vale, Eletrobras, Klabin, Suzano Papel, Suzano Hold, Fibria e Gol), que tiveram dos 9M2015 para os 9M2016 uma enorme recuperação totalizando R$55 bilhões, o quadro muda drasticamente passando de um aumento de 251% (como mostramos acima) para uma queda de 25% que reflete melhor a realidade atual.
COMENTÁRIOS FINAIS:Como noticiado em 12/Nov/2016 o presidente Michel Temer completou 6 meses na presidência da República. Para fazer um balanço da gestão iniciada em 12/Mai/2016, o portal do Palácio do Planalto divulgou um vídeo e um texto que elencam as principais medidas tomadas desde a posse:
- Corte de mais de 4 mil cargos comissionados e redução do número de ministérios;
- Inflação em desaceleração, taxa SELIC teve a 1ª queda desde 2012, redução dos juros para financiamento de imóvel pela Caixa e queda do preço da gasolina;
- Aumento dos índices de confiança do setor privado e da expectativa de crescimento do PIB de 2017;
- Nas áreas de educação e saúde, o balanço cita a reestruturação do ensino médio, a criação do programa Criança Feliz e a continuidade do programa Mais Médicos;
- Gestão marcada pelo diálogo com o Congresso Nacional, onde foram aprovadas a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto dos gastos públicos, o novo marco regulátorio do Pré-Sal, a meta fiscal para 2016 e a nova lei das Estatais, que determina regras mais rígidas para nomeações e licitações;
- Controle das contas públicas e o esforço para conter a desigualdade, gerar emprego e retomar os investimentos também foram mencionados como marcas da primeira etapa da gestão de Temer. Além do fortalecimento de parcerias comerciais entre o Brasil e países como a China, Estados Unidos, Argentina, Paraguai, Índia e Japão. (Fonte: Agência Brasil).
Não deixa de ser um bom resultado, mas falta ainda muito: redução dos gastos públicos, equacionamento do endividamento dos estados, redução do desemprego, reforma da previdência, dentre outras medidas de extrema necessidade para o crescimento da economia do nosso país. Do lado das empresas, como já dissemos o cenário futuro ainda é muito ruim principalmente devido a elevada incerteza que ronda a economia e o governo de transição.
A Petrobras após anunciar um prejuízo de R$16,5 bilhões no 3° Trim/2016 (o 3º maior da história da estatal), disse por meio de seu CFO que ainda não pode determinar se haverá dividendos. Os diretores da estatal explicaram que o resultado incluiu uma baixa contábil de R$47,3 bilhões. Nesse período, a petrolífera anunciou um impairment de ativos e investimentos em coligadas de R$15,7 bilhões.
Já a Vale teve o preço-alvo de seu ADR elevado de US$6,50 para US$8,50 pelo Bradesco BBI, em meio à revisão das estimativas para o preço do minério de ferro. A estimativa para a commodity subiu para US$55/ton em 2017 ante US$50 e de US$50/ton em 2018, ante US$45. Segundo os analistas, a mineradora pode gerar US$11 bilhões de fluxo de caixa livre até o 3º trimestre de 2017. A recomendação para os ativos segue neutra. (Fonte: Infomoney).
A conclusão a que podemos chegar é que o mundo vive momentos frequentes de mudanças de total ordem com alto grau de incertezas. Segundo Nassim Taleb, eventos imprevisíveis são como "cisnes negros", raros porém reais, representados por grandes acontecimentos que são inesperados e que trazem junto grandes consequências, boas ou ruins. Como exemplos ele cita os ataques de 11 de setembro de 2001, o surgimento da Internet e mais recentemente a eleição de Donald Trump. Assim sendo, só nos resta atenção e estudos para reduzir os riscos e maximizar os retornos de nossas decisões e investimentos.
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A SABE Consultores tem o propósito de “organizar informações financeiras sobre as empresas brasileiras e torná-las acessíveis e úteis” e acredita que as empresas vencedoras e que vieram para ficar são as que perseguem a criação de valor para TODOS os seus “stakeholders”. Manteremos você atualizado com novas informações extraídas do nosso Banco de Dados SABE.
Aproveite para deixar o seu comentário ao final desta página sobre este Artigo. Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.