
“No mundo dos negócios, o espelho retrovisor é sempre mais claro do que o para-brisa” Warren Buffett, investidor
Estamos em plena safra de processamento de balanços do exercício encerrado em 31/Dez/2015 tendo até o momento em nosso Banco de Dados SABE demonstrações financeiras individuais de 66 companhias não financeiras e 12 bancos. Este artigo mostra o desempenho das companhias abertas não financeiras de 2013 a 2015 em termos de receitas, resultados (lucro/prejuízo) e endividamento total. Na sequência publicaremos outro artigo tratando exclusivamente do desempenho dos bancos.
O gráfico a seguir ilustra o retrato da situação atual: receitas crescendo abaixo da inflação, resultados minguando e endividamento com crescimento acelerado. Lamentavelmente a tendência é que os balanços de empresas do setor produtivo ainda não publicados repitam o fraco desempenho observado com estas 66 companhias. A ver!

Fonte: SABE ©
As planilhas a seguir apresentam os 20 maiores crescimentos de receitas líquidas, resultados líquidos e endividamentos totais medidos pela taxa anual composta (CAGR) calculada para os últimos 3 anos, de 2013 a 2015.

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Tomando como base o IPCA de 2015 de 10,67%, poucas empresas como Suzano Papel, Eletropaulo e Telef Brasil obtiveram crescimento real de 2013 a 2015. Por outro lado, empresas como Vale e Usiminas tiveram forte redução nas suas vendas no mesmo período. No conjunto o total das receitas destas empresas apresentou no período um CAGR de apenas 2,57% ao ano.

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Pela ótica dos resultados líquidos várias empresas apresentaram crescimentos significativos de lucros superando em muito a inflação média do período observado. A Braskem foi favorecida pela alta do dólar e pelos recordes nas suas exportações. Os lucros da Telef Brasil não acompanharam o bom desempenho obtido nas suas receitas. Porto Seguro e CCR também tiveram crescimento negativo de lucros no mesmo período. Em conjunto o crescimento do lucro destas 20 empresas foi pequeno: 12,63% ao ano.

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Empresas como Klabin, Cielo, Ampla Energ, Fibria, Natura e Vale tiveram crescimentos elevados de dívidas totais de 2013 a 2015. Em sentido contrário o Grupo Pão de Açúcar conseguiu reduzir seu endividamento em mais de R$1,5 bilhões em 2015.
COMENTÁRIOS FINAIS:Embora seja ainda cedo para conclusões, dado que foram observadas somente cerca de 20% do total de 350 companhias listadas na bolsa, percebe-se um quadro de receitas “andando de lado”, resultados fracos e aumento de dívidas. Este cenário já era esperado como consequência da crise econômica aguda que o país está atravessando, impactando negativamente muitos setores de atividades como indústria e comércio varejista, por exemplo. Além disso, existem fatores externos que afetam setores maduros como petróleo, mineração e siderurgia.
Os analistas estão otimistas esperando aumento real de 18% dos lucros das companhias do Ibovespa por conta de cortes de custos e dólar caro para as exportadoras. É nossa opinião que o mercado acionário brasileiro sofre não só com a crise interna do país como também pelos efeitos da crise de 2008 cujo ciclo ainda está ativo, como confirma o alto grau de especulação e volatilidade que ocorre em nossa bolsa de valores. Basta uma “brisa” de boa/má notícia que o Ibovespa sobe/desce com alta intensidade. Portanto, o investidor deve ser seletivo e criterioso e buscar aquelas empresas que sabem lidar bem com a crise e até tirar proveito dela: são as empresas vencedoras, resilientes, preocupadas com criação de valores compartilhados por todas as partes interessadas no seu sucesso e sustentabilidade de longo prazo.
A SABE Consultores tem o propósito de compartilhar informações úteis e atualizadas sobre as empresas brasileiras com professores, universitários, contadores e investidores individuais. Manteremos você atualizado, como de costume, com novas informações extraídas do nosso Banco de Dados SABE.

Aproveite para deixar o seu comentário ao final desta págima sobre os resultados extraídos dos primeiros balanços de 2015. No próximo artigo comentaremos os desempenhos dos balanços encerrados em dezembro de 2015 dos bancos. Até a próxima!
Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.