“Teoria do pico do petróleo (peak oil) é um lixo, tanto quanto nós estamos preocupados" Robert W. Esser – Geólogo
Este artigo apresenta o desempenho econômico-financeiro das empresas listadas na Bovespa do Setor de Petróleo, Gás e Derivados tomando como base os resultados do 1º semestre de 2016. Este setor é fortemente influenciado pela Petrobras que vem agitando o mercado com fortes valorizações de suas ações (PETR3 e PETR4), como também pelas medidas em curso sobre o novo Plano de Negócios da companhia.
Como noticiado na mídia especializada, no dia 21/Out/2016 a Petrobras informou que seu CA (Conselho de Administração) aprovou acordos para encerrar 4 ações individuais propostas à Corte Federal de Nova York, em processos em que investidores buscam reparações pelo escândalo bilionário de corrupção envolvendo a petroleira. A Petrobras, que se considera vítima no processo de corrupção, disse prever, atualmente, provisão de US$353 milhões em função desses processos nos EUA. A empresa disse ainda que reconhecerá a provisão no balanço do 3º trimestre de 2016, como resultado dos acordos e do estágio de negociações em andamento com outros autores de ações.
Além disso, a elevação do rating da estatal pela agência de classificação de risco Moody's em 21/Out/2016 de B3 para B2 e a mudança de perspectiva de negativa para estável foi comemorada pela Diretoria da petroleira estatal. Apesar da melhora, o rating da Petrobras ainda continua sendo grau especulativo – vale dizer que a companhia potencialmente enfrenta condições mais difíceis para fazer captações de títulos – uma situação vivenciada há algum tempo, desde que a petroleira viu suas finanças se deteriorarem em meio a um escândalo de corrupção, elevado endividamento e queda nos preços do petróleo. (Fonte: Infomoney).
O mercado acionário brasileiro possui 14 companhias abertas do setor de Petróleo, Gás e Derivados. No 1º semestre de 2016 essas empresas totalizaram R$170 bilhões em receitas, dos quais R$142 bilhões vieram da Petrobras e R$24 bilhões da Braskem. Juntas essas duas companhias representam 97% do setor. Os gráficos a seguir ilustram os números mencionados.
Olhando pela ótica dos resultados no 1S2016 a Braskem liderou com lucro de praticamente R$1 bilhão, seguida da Petrobras com R$518 milhões, ambas com quedas em relação ao 1S2015 de 18% e 90%, respectivamente. A OSX Brasil ocupou a última posição de resultados com prejuízo de R$688 milhões. O setor como um todo obteve um resultado líquido positivo de R$583 milhões, com redução de 90% em relação a igual período de 2015, fortemente influenciado pela Petrobras. Das 14 companhias do setor em bolsa, a metade deu prejuízo (R$1,2 bilhões) no 1º semestre de 2016.
Na comparação do 1S2015 contra 1S2016, as 5 maiores variações de receitas, EBITDA e resultados e as 5 menores variações de dívidas das empresas do setor em bolsa são mostradas nas planilhas a seguir:
Ainda na comparação do 1S2015 contra 1S2016, as 14 empresas no conjunto tiveram indicadores muito fracos: queda de 6% nas receitas, crescimento leve na geração de caixa medida pelo EBITDA e queda forte (90%) no resultado líquido, alavancada por Petrobras. Por outro lado, as empresas tiveram pequeno aumento de 3,5% da dívida líquida, mas mantiveram no mesmo patamar (quase 12 vezes) a relação entre a dívida líquida e o EBITDA no 1S2016. A taxa de retorno para o acionista (ROE) caiu 1,66 ppt ficando próxima de zero no 1º semestre de 2016, evidenciando um quadro desfavorável para o setor em bolsa. A tabela seguinte ilustra os números do setor pela comparação dos totais dos últimos dois semestres das 14 empresas mencionadas.
Comentários Finais A Petrobras continua no radar do mercado por conta de vários fatos recentes:- anúncio da aprovação de uma nova política de preços que reduziu o preço do diesel em 2,7% (média Brasil) e da gasolina em 3,2% (média Brasil) na refinaria;
- interesse da varejista Lojas Americanas em participar do processo de aquisição de participação societária na BR Distribuidora, unidade de combustíveis da Petrobras, que chegou a ser avaliada no passado por cerca de US$ 10 bilhões por analistas do UBS Securities;
- assédio por bancos estrangeiros, permitindo a empresa poder escolher entre empréstimos de bancos ou de agências de crédito;
- negociações com a Ultrapar Participações para a venda da Liquigás Distribuidora;
- elevação da CIDE, tributo que incide sobre combustíveis, após a redução dos preços de combustíveis realizada pela companhia;
- alta na produção total de petróleo e gás de 1,4% em Set/2016 na comparação mensal, para 2,88 milhões de barris de óleo equivalente por dia, sendo 2,75 milhões no Brasil e 0,13 no exterior, sendo um novo recorde mensal. A produção de petróleo e gás natural operada pela Petrobras (parcela própria e dos parceiros) na camada pré-sal foi de 1,46 milhão de boed, alta de 7,3% na base mensal. O pré-sal também bateu novo recorde mensal em Set/2016. (Fonte: Infomoney).