“Planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro de decisões presentes“ Peter Drucker – escritor, professor e consultor
Em Jan/2016 publicamos um artigo intitulado “Investimentos em Ações – a importância do longo prazo”, no qual alertamos que é recomendável olhar sempre o longo prazo (horizonte mínimo de 3 a 5 anos) para avaliar o desempenho de investimentos em ações de empresas de capital aberto negociadas na BM&FBovespa. Das ações das 6 companhias desse estudo passado, a exceção de Bradesco PN, todas as demais ações tiveram no longo prazo desempenho positivo e a maioria muito acima do Ibovespa, diferentemente do desempenho de curto prazo. Importante registrar que os preços informados dessas ações estavam ajustados no tempo incorporando os proventos em espécie e em dinheiro.
No dia 06/Jun/2016 foi publicada matéria no caderno de Economia do jornal O Globo sob o título “Resiliência em meio à retração da economia” mostrando o desempenho de ações de algumas empresas que atravessaram os últimos dois anos em alta e ainda mantêm boa perspectiva. A figura a seguir ilustra o desempenho de 20 ações, mostrado na matéria mencionada, no período de pouco mais de dois anos (01/Abr/2014 a 03/Jun/2016), intervalo de tempo em que o Ibovespa caiu 4,15%, de 52.809 pontos para 50.619 pontos.
Retornando a questão da importância do longo prazo, neste artigo estudamos o comportamento destas mesmas ações que tiveram as 20 maiores altas/baixas de preços, porém em intervalo maior de tempo maior, de 09/Jun/2011 a 03/Jun/2016, quase 5 anos, período em que o Ibovespa caiu 20,24%, de 63.468 pontos para 50.619 pontos.
Observando as duas amostras (desempenho em 2 anos x 5 anos) podemos perceber que nos dois intervalos de tempo as mesmas ações mantiveram desempenhos positivos e negativos, sem mudança nesse aspecto. Entretanto, enquanto que no desempenho de 2 anos as três maiores altas foram de Hypermarcas, Lojas Renner e Suzano, no desempenho de 5 anos foram de Klabin, Raia Drogasil e Equatorial, estas com valorizações muito superiores da ordem de 5 a 8 vezes. Com relação às maiores baixas, no desempenho de 2 anos coincidiram Gerdau Met, Rumo e Usiminas, com desvalorizações parecidas.
COMENTÁRIOS FINAISPara Jeremy Siegel, professor da Wharton School, autor do best seller “Investindo em ações no longo prazo” (“Stocks for the long run”), a aplicação em ações é a melhor opção de investimento para quem tem objetivos de longo prazo, tomando como base dados históricos de 200 anos do mercado americano. Com o passar do tempo, as oscilações de curto prazo no preço dos títulos acabam sendo diluídas e o resultado final para o investidor é uma taxa de retorno acima da inflação e substancialmente maior do que nas operações de renda fixa.
Entretanto, nos anos recentes, toda uma geração de investidores americanos assistiu os títulos de renda fixa renderem mais do que as ações. No Brasil, devido ao histórico de instabilidade político-econômica, alta volatilidade dos ativos de renda variável e juros elevados, os investimentos em renda fixa superaram aplicações em ações, se considerarmos a comparação com a média do desempenho da nossa bolsa medida pelo Ibovespa que, em Jun/2016, representa uma carteira composta por 59 ações. Lembrando que carteiras com alto grau de diversificação reduzem drasticamente o risco, mas trazem retorno desprezível, nulo ou negativo, dependendo da sua composição.
O que queremos enfatizar neste artigo é que mesmo em ambiente de incerteza como o que ora vivemos, a tese de Siegel continua válida para ações de boas empresas, duradouras, resilientes, bem administradas, com propósitos claros e governança corporativa profissional. A valorização no curto prazo é particularmente importante para os investidores que almejam ganhos rápidos, não para aqueles que, como ensina o mestre Warren Buffet, “compram ações para o resto da vida”. A tendência de crescimento econômico no longo prazo favorece o aumento dos lucros das companhias e, consequentemente, a maior distribuição de dividendos e a valorização do preço das ações.
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