“Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço” Immanuel Kant – Filósofo alemão
O presidente Michel Temer classificou, em recente entrevista publicada no início de Dez/2015, a reforma da previdência como um ato de coragem. “Eu apreciaria imensamente não ser muitas vezes vergastado, chicoteado pelas redes sociais porque nós propusemos aquilo que é fundamental para o país, que é uma reforma da Previdência Social. Nós não estamos pensando em nós, nós estamos pensando naqueles que virão, nós precisamos reformar a Previdência hoje para garantir a Previdência amanhã. E por isso nós temos coragem”, disse. Segundo Temer, no momento, é preciso coragem no Brasil. “Coragem para fazer coisas aparentemente impopulares, mas que gerarão popularidade logo ali adiante”, disse , ao acrescentar que “gostaria imensamente de poder apanhar tudo que estivesse na ‘burra’ do estado” e fazer seu governo.
A reforma é necessária porque a Previdência registra rombo crescente: gastos saltaram de 0,3% do PIB, em 1997, para projetados 2,7%, em 2017. Em 2016, o déficit do INSS chega aos R$149,2 bilhões (2,3% do PIB) e em 2017, está estimado em R$181,2 bilhões. Os brasileiros estão vivendo mais, a população tende a ter mais idosos, e os jovens, que sustentam o regime, diminuirão.
Este artigo apresenta uma proposta para a previdência individual com um enfoque diferente já praticado nos Estados Unidos e em outros países com sucesso e que poderia ser aplicado em nosso país desde que atendidas algumas condições de mudança de comportamento, especialmente pelos jovens. No fim de 2015 publicamos um artigo sob o título “Educação do Investidor como Criação de Cultura só acontecerá com efeito ‘tsunami’”, onde propusemos uma nova via de reflexão para investimentos em ações por meio da educação. A base dessa proposta é que inexiste no Brasil, compatível com seu tamanho e necessidade, uma comunidade de investidores informados e consequentemente um mercado de ações que reflita o tamanho da economia e das reclamadas necessidades de recursos e liquidez das empresas.
O Portal do Investidor da CVM recomenda que antes de pensar em investir, cada indivíduo deve se fazer a seguinte pergunta: “Para que vou aplicar meu dinheiro?”. A ideia proposta por este artigo é aplicar o dinheiro em ações de boas empresas para formar patrimônio de longo prazo para complementação da renda ou da aposentadoria numa idade mais avançada. Dada a falta de cultura que existe no Brasil, uma questão que normalmente surge é como escolher boas empresas para investir. Antes de discutir esse ponto gostaríamos de refletir sobre o “por que” de investir em ações.
Quem investe em ações está buscando potencializar seus ganhos ao longo do tempo. Historicamente, investimentos em ações apresentam retornos superiores às aplicações em renda fixa no longo prazo. Mesmo no Brasil, em que as taxas de juros desde o início do Plano Real (1994) mantiveram-se em patamares extremamente altos, as ações de muitas companhias bateram com folga o retorno do CDI (taxa de juro praticada entre os bancos, que serve de referência para aplicações em renda fixa). Assim, para objetivos de investimentos de longo prazo, como aposentadoria, por exemplo, e para a diversificação de seus investimentos, possuir uma parcela de suas aplicações em ações pode ser uma boa estratégia. Isso porque é essa fatia investida em ações que, em um horizonte mais longo de tempo, tende a apresentar maiores retornos do que as aplicações em renda fixa. (Fonte: Site Como Investir?).
A planilha seguinte ilustra a variação anual dos principais indicadores da economia comparada com a variação do Índice Bovespa nos últimos 5 anos.
O IBOVESPA tem perdido para a Renda Fixa: é verdade. Mas o IBOVESPA não é a Bolsa e sim um Índice de referência. O objetivo do Ibovespa é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro. De 30/Mar/2012 a 29/Dez/2016 o Ibovespa caiu 6,71%. Veja a seguir como foi a valorização, no mesmo intervalo de tempo, de ações de 15 Boas Empresas, companhias que possuem solidez financeira e que são capazes de resistir às crises pelas boas práticas de governança e gestão que adotam no seu dia-a-dia.
Das 15 empresas mencionadas, os destaques vão para Cielo, Equatorial, Kroton e Weg que conquistaram valorizações extraordinárias de 113%, 325%, 343% e 127%, respectivamente, compatíveis com o seu desempenho econômico-financeiro nos últimos 5 anos. Confira no gráfico a seguir:
Cabe o registro que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Mas cabe também enfatizar que bolsa não é cassino, embora existam muitos “apostadores” que buscam ganhos de curto prazo, inclusive em operações de “day trade”. Ouve-se muito falar em “jogar” ou “apostar” na Bolsa, o que não faz sentido quando falamos em investir em ações de boas empresas. Em nossa opinião, investir em ações na Bolsa requer Técnica (para escolher a empresa) + Disciplina (para saber realizar o lucro, a hora de comprar ou vender).
Investindo em ações de boas empresas fica mais consciente montar uma carteira de ações de 1ª linha. Para superar a Renda Fixa a carteira deve render no mínimo 15% ao ano ou 101,14% em 5 anos. Isso sem falar nos DIVIDENDOS que devem, sempre que possível, serem reinvestidos para permitir maiores retornos.
Retornando à questão da escolha das “boas empresas”, nossa recomendação é para aqueles que desejam ser investidores ativos. Nós entendemos que cuidar das finanças pessoais é como cuidar da saúde. O investidor pode (e deve) consultar analistas, gestores, profissionais especializados, mas acima de tudo deve entender “por que” está investindo numa determinada empresa. Para isso, tal como nos cuidados com a saúde deve se informar (“ler a bula”): olhar o balanço, visitar o site da empresa, trocar informações com amigos, assistir reuniões Apimec, enfim criar consciência sobre a empresa que está comprando, que está se tornando proprietário na proporção da sua capacidade de investir.
Dessa forma o investidor pode formar uma carteira de ações de boas empresas e obter retornos de longo prazo que permita construir patrimônio, complementar sua renda e também sua aposentadoria, dentre outras aplicações dos rendimentos auferidos. Mais do que obter retornos superiores ao da renda fixa, o investidor em ações auxilia o desenvolvimento das boas empresas e da economia como um todo.
Escolher boas empresas para investir é uma saída inteligente para formação de patrimônio como também para complementação de aposentadoria. Fica assim proposto um caminho ativo e alternativo à renda fixa, aos fundos de investimentos, aos fundos de previdência com o objetivo de potencializar ganhos ao longo do tempo e até mesmo servir como previdência individual àqueles que desejam ser investidores conscientes. Sem falar no benefício de se tornar “dono” de uma boa empresa!
A SABE Consultores tem o propósito de “organizar informações financeiras sobre as empresas brasileiras e torná-las acessíveis e úteis” e acredita que as empresas conscientes atuam de maneira a criar valor não só para si mesmas, mas também para seus clientes, colaboradores, fornecedores, investidores, comunidade e meio ambiente ou usando o jargão do momento para seus “stakeholders”.
Manteremos você atualizado com novas informações extraídas do nosso Banco de Dados SABE.
Aproveite para deixar o seu comentário ao final desta página sobre este Artigo. Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.