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Infraestrutura: Entrada de chineses traz oportunidades e ameaças
20/09/2017Por Luiz Guilherme Dias | Rio, 20/Set/2017.
“As contas do governo agem como uma ‘bola de ferro’ travando os investimentos, públicos e privados. Vamos encerrar o ano de 2017 com a menor taxa de investimento em 50 anos, 15,5% do PIB, em boa medida comprimida pelo colapso dos investimentos em infraestrutura (que fecham o ano com só 1,5% do PIB). Triste”
Claudio Frischtak - Inter.B Consultoria Internacional de Negócios
Infraestrutura é o conjunto de atividades e estruturas da economia de um país que servem de base para o desenvolvimento de outras atividades. A Infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento econômico de um país. Sem ela, as empresas não conseguem desenvolver adequadamente seus negócios. Quando um país apresenta uma Infraestrutura pouco desenvolvida, os produtos podem encarecer no mercado interno (prejudicando os consumidores) e também no mercado externo (dificultando as exportações em função da concorrência internacional).
A Infraestrutura do Brasil foi, até algumas décadas atrás, desenvolvida quase exclusivamente com investimentos públicos. Porém, a partir da década de 1990, com as privatizações e parcerias entre os setores público e privado, as grandes empresas nacionais e internacionais tem investido em Infraestrutura através de contratos de concessão. (Fonte: Portal de Pesquisas Temáticas e Educacionais).
Neste artigo apresentamos um estudo sobre o desempenho do Setor de Transporte e Logística tomando como base os resultados do 1º semestre de 2017. O Setor de Transporte e Logística possui 24 Companhias listadas em Bolsa que operam em diferentes segmentos: aluguel de carros, transporte aéreo, ferroviário, marítimo, terrestre e logística. A tabela abaixo relaciona as Companhias por cada segmento:
Setor de Transporte e Logística – Segmentos de Negócios - Fonte: SABE©
Os
segmentos de Transporte Terrestre e Transporte Aéreo das companhias listadas em
bolsa participaram com cerca de 50% do volume de receitas do Setor no 1º
Semestre de 2017, como ilustrado no gráfico abaixo:
Setor de Transporte e Logística – Marketshare por Segmentos de Negócios - Fonte: SABE©
O desempenho no 1S2017 dos segmentos do Setor de Transporte e Logística foi extremamente fraco refletindo a recessão da economia do país, principalmente nos dois últimos anos. Para medir o desempenho dos segmentos utilizamos a variação do de vendas, resultados, geração de caixa e da dívida líquida do último semestre de 2017 contra igual período do ano anterior.
O
único segmento que escapou foi o de Aluguel de Carros. Os demais tiveram um
desempenho péssimo por depender de investimentos em infraestrutura que tiveram
a menor taxa em 50 anos, equivalente a 1,5% do PIB, taxa esta que em países desenvolvidos
chega a atingir 5%. O quadro abaixo mostra a difícil situação desses demais
segmentos:
Setor de Transporte e Logística – Desempenho por Segmentos de Negócios - Fonte: SABE©
- Logística: vendas estáveis, prejuízos com crescimento estrondoso, EBITDA em forte queda e dívida com expressivo aumento em relação à geração de caixa;
- Transporte Aéreo: segmento tradicionalmente fraco com crescimento pequeno de vendas, queda de resultados, aumento do EBITDA puxado pela Azul, e dívida estável;
- Transporte Ferroviário: queda expressiva de resultados mesmo com crescimento das vendas, aumento do EBITDA puxado pela Rumo e aumento expressivo da dívida;
- Transporte Marítimo: vendas, resultados e
EBITDA em queda (este influenciado por Wilson Sons), com crescimento expressivo
da dívida;
- Transporte Terrestre: crescimento fraco de
vendas, aumento expressivo dos prejuízos, aumento de EBITDA e dívida com forte
aumento.
COMENTÁRIOS FINAIS
Como noticiado no O Globo de 17/Set/2017, apesar da crise no Brasil, ou por causa dela (que deixou os ativos baratos), os chineses estão mais dispostos que nunca a ampliar seus negócios no país. O governo chinês vem sinalizando fazer investimentos que, se confirmados, significarão o aporte, em dois anos, de mais de R$ 31 bilhões na economia brasileira, que já recebeu cerca de R$ 61 bilhões de 2014 até Jul/2017, entre fusões e aquisições.
Os chineses têm visão de longo prazo e gostam de ter participações majoritárias em investimentos. Sabendo que os ativos estão baratos possuem o interesse em privatizações e infraestrutura. Metade dos ativos que a gigante de energia State Grid tem no exterior está no Brasil. Investir no Brasil tem sido uma das saídas encontradas pelos chineses para internacionalizar a sua economia, variar o seu portfólio e gastar os recursos de sua imensa poupança interna. Os benefícios da vinda dos chineses traz o risco de dependência sujeitando oscilações e até a interferência em regras, o que implica na adoção de um quadro legal e de marcos regulatórios bem estruturados para evitar conflitos, que acontecem em vários países do mundo, como Paquistão, Sri Lanka e alguns africanos.
A SABE Consultores tem a missão de “organizar informações financeiras sobre as empresas brasileiras e torná-las acessíveis e úteis” e acredita que as empresas conscientes atuam de maneira a criar valor não só para si mesmas, mas também para seus clientes, colaboradores, fornecedores, investidores, comunidade e meio ambiente ou usando o jargão do momento para seus “stakeholders”.
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