"Devo não nego, pago quando puder"
Ditado popular
Neste artigo voltamos à questão do endividamento das empresas por entender que é um tema que requer a maior atenção de nossos leitores. Segundo notícia publicada pelo portal Cias. Brasil em 26/Jul/2016, a inadimplência de pessoas jurídicas aumentou 12,34% em Jun/2016 em comparação com o mesmo mês do ano passado. Os dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) se referem ao número de empresas devedoras em quatro regiões pesquisadas – Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sul. A região Sudeste não foi considerada devido à Lei que vigora no estado de São Paulo.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, "nos últimos meses, tanto o número de empresas devedoras quanto o de pendências ligadas a estas empresas seguem em crescimento moderado, já que ambos os indicadores vêm mostrando desaceleração desde março de 2016. Apesar disso, as taxas de crescimento da inadimplência de pessoas jurídicas continuam sendo expressivas, o que reflete as dificuldades econômicas enfrentadas no país”.
O setor credor de Serviços, que inclui os bancos e financeiras, lidera a participação no total de dívidas em atraso das empresas em todas as regiões pesquisadas, ou seja, é o segmento para quem as empresas mais estão devendo. Nas quatro regiões analisadas, o setor concentra mais da metade das dívidas, sendo que no Sul a parcela corresponde a 71,73%. O segundo maior credor em todas as regiões analisadas é o setor de Comércio.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o crescimento da taxa de inadimplência ao longo de 2015 e 2016 demonstra o quanto o aprofundamento da recessão afetou as empresas. “A economia brasileira deteriorou-se rapidamente, o que impactou a renda das famílias e o faturamento das empresas. A alta da inadimplência observada entre as empresas é um duro reflexo desse cenário, que limita o crédito e engessa o crescimento dos negócios”, explica a economista.
Veja agora o que o nosso Banco de Dados SABE tem a mostrar sobre a evolução do endividamento total, bem como do retorno do acionista, com base nas demonstrações financeiras consolidas de 293 empresas não financeiras nos últimos 10 anos, de 2007 a Jun/2016.
Eletrobras, Jbs, Oi, Braskem, Sid Nacional, Cosan Ltd, Telef Brasil e Gerdau Met. O valor total em Jun/2016 das 10 maiores dívidas das empresas foi de R$1,182 trilhões e representa quase 52% do valor total da dívida de todas as 293 empresas de R$2,294 trilhões, como ilustrado no gráfico seguinte:
Por outro lado, o retorno do acionista teve uma queda vertiginosa no mesmo período com recuperação em Jun/2016, mas ainda incerta, devido ao efeito da queda do dólar americano. Os 10 maiores retornos de acionista ficaram com: Smiles, Klabin S/A, BBSeguridade , Braskem, Suzano Papel, Suzano Hold, Cielo, Odontoprev, Eletrobras e Ser Educa. Os gráficos abaixo ilustram o desempenho observado:
COMENTÁRIOS FINAIS
Preocupado com a qualidade do crédito e de olho na recuperação da economia, o governo fez ontem uma ação coordenada para melhorar a situação financeira de empresas, principalmente aquelas em dificuldades. De um lado, o BNDES anunciou uma nova linha de financiamento de R$ 5 bilhões para viabilizar a aquisição de fatias de companhias que correm risco de falir. Em outra iniciativa, o Banco Central permitirá que empresas e famílias usem aplicações financeiras em ações como garantia para pegar empréstimos mais baratos. Estas ações funcionariam como um facilitador para a venda de ativos de difícil negociação e, de quebra, reduziriam os riscos para os bancos públicos nestas atividades.
No pacote do BNDES, investidores interessados em ativos de empresas em situação mais complicada terão acesso a crédito de R$ 5 bilhões, um valor que poderia ser ampliado de acordo com a demanda. O programa estará em vigor até agosto de 2017, com prazo de até dez anos para pagamento. O montante será destinado para financiar a compra de ativos economicamente viáveis de empresas em recuperação judicial, extrajudicial ou falência ou em crise econômico-financeira e elevado risco de crédito, a critério do BNDES. O banco de fomento também anunciou ontem um reforço na linha de crédito para capital de giro, com atenção especial a empresas em recuperação. (Fonte: O Globo/Economia – 26/Ago/2016).
Vamos continuar atentos com a questão do endividamento e também com a capacidade de geração de caixa das empresas, monitorando a relação dívida líquida/EBITDA individual e em cada um dos setores que acompanhamos diuturnamente.
A SABE Consultores tem o propósito de “organizar informações financeiras sobre as empresas brasileiras e torná-las acessíveis e úteis” e acredita que as empresas vencedoras e que vieram para ficar são as que criam valor para TODOS os seus “stakeholders”. Manteremos você atualizado com novas informações extraídas do nosso Banco de Dados SABE. Aproveite para deixar o seu comentário ao final desta página sobre este Artigo. Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.