Desempenho dos Bancos no 1S2017: mais concentração, mais lucros e menos empregos.

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Desempenho dos Bancos no 1S2017: mais concentração, mais lucros e menos empregos.

12/09/2017

“Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade". Aristóteles

Segundo o investidor independente Tiago Reis o fato do segmento bancário no Brasil estar tão concentrado em três empresas, Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil, faz com que haja uma espécie de oligopólio, muito prejudicial ao consumidor e à economia em geral. Para esse investidor, o spread (diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam para se financiar e a que eles cobram dos clientes) no Brasil é maior por não haver concorrência o bastante no setor, o que acaba limitando ainda mais o crédito para as empresas em tempos de crise econômica como a atual. "Eles podem cobrar mais e aumentar ou criar tarifas quando o cenário fica mais apertado, o que os ajuda a preservar os seus lucros, enquanto outras empresas acabam sendo muito mais afetadas", avalia Reis. (Fonte: Infomoney).

Em 2017 os balanços mostram que os maiores bancos elevaram os ganhos no 2º trimestre do ano, em relação ao primeiro. Considerando Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil, a cifra alcançou R$ 15,7 bilhões entre abril e junho. No 1º trimestre de 2017, o lucro dessas quatro instituições chegou a R$ 14,9 bilhões. Pela ótica dos resultados acumulados no 1º semestre de 2017, o lucro dos mesmos bancos foi de R$ 27,4 bilhões, aumento de 12% em relação ao 1S2016 no qual acumulou R$ 24,5 bilhões.

Considerando 24 instituições listadas na bolsa, o lucro aumentou 7% do 1S2016 para o 1S2017. Entretanto, eliminando a participação dos quatro gigantes (Itaú, Bradesco, BB e Santander) que corresponde a quase 93% do resultado total, o lucro caiu 32% do 1S2017 para o 1S2016, reforçando a tese do investidor Tiago Reis apresentada no início deste artigo. Os gráficos abaixo ilustram o que estamos informando. 

Evolução do Lucro dos 4 Maiores Bancos e Concentração do Setor Bancário – 1S2017 - Fonte: SABE © Powered by Maestro ©

A atual soberania dos bancos no Brasil pode estar ameaçada pelo surgimento das chamadas “fintechs”, o segmento das startups que criam inovações na área de serviços financeiros, com processos baseados em tecnologia. No Brasil as fintechs estão recebendo apoio de instituições de fomento para seus planos de crescimento, enquanto começam a fazer parcerias com bancos comerciais e aguardam sinais do BNDES para repassarem empréstimos a pequenas e médias empresas. Órgãos como o IFC, braço financeiro do banco Mundial, a Finep, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e a Desenvolve SP, do governo paulista, têm apoiado essas plataformas por meio de empréstimos ou investimentos diretos.

Esse movimento tem crescido nos últimos anos diante de uma postura mais amigável do Banco Central, uma vez que elas ajudam uma agenda lançada pela instituição no ano passado, de tentar baixar o custo do crédito. Entre as fintechs que oferecem empréstimos, é comum ouvir dos empreendedores que boa parte do crédito tomado é para trocar dívidas caras (rotativo, cheque especial) por mais barata. A ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital), que representa o setor, prevê que mais de R$ 1 bilhão será emprestado neste ano por meio das fintechs, inclusive em parceria operacional com grandes bancos de varejo. (Fonte: Reuters).


COMENTÁRIOS FINAIS

Segundo análise do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), de acordo com dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mesmo mantendo lucros bilionários, os bancos estão entre os cinco setores da economia que mais demitiram este ano. Com foco cada vez maior nos canais digitais e agências mais enxutas, só no 1º semestre de 2017, as instituições financeiras do país fecharam 10.752 postos de trabalho, um aumento de 53,6% na comparação com o mesmo período de 2016.

Este movimento de enxugamento de pessoal ocorre num momento em que as agências físicas estão encolhendo e se transformando numa espécie de balcão de negócios. Hoje, os clientes avançam na utilização dos canais digitais (seja via celular, computador ou caixas eletrônicos) para realizar suas operações. Segundo dados da Febraban, na média, 56% das transações bancárias já são feitas por canais digitais. (Fonte: Agência O Globo).

Atualmente os grandes players do setor bancário dominam o mercado, aumentam seus lucros e demitem pessoas buscando maior eficiência e manutenção dos ganhos por meio do uso da tecnologia. Mas, como em todo segmento o que manda é a inovação. Os bancos pequenos vem mostrando sinais de fraqueza: no 1S2017 três instituições deram prejuízo (Merc Invest, Pine e BTG Pactual).

Com a entrada das “fintechs” oferecendo isenção de taxas, crédito mais barato e facilidades tecnológicas é possível que os “gigantes” do setor tenham que rever seus modelos e estratégias de negócios. Seguindo a ótica da “evolução das espécies” será bom para os consumidores, bom para o mercado e bom para a sociedade como um todo.

A SABE Consultores tem a missão de “organizar informações financeiras sobre as empresas brasileiras e torná-las acessíveis e úteis” e acredita que as empresas conscientes atuam de maneira a criar valor não só para si mesmas, mas também para seus clientes, colaboradores, fornecedores, investidores, comunidade e meio ambiente ou usando o jargão do momento para seus “stakeholders”.

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