Construção Civil e Mercado Imobiliário: Lucros caem 31% no 1º Trim 2020!

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Construção Civil e Mercado Imobiliário: Lucros caem 31% no 1º Trim 2020!

10/07/2020

APRESENTAÇÃO

Os números que serão aqui apresentados foram gerados tendo como base as demonstrações financeiras das companhias abertas do Setor de Construção Civil e Mercado Imobiliário listadas na B3, com o objetivo de medir o desempenho do setor e de seus segmentos (subsetores) no 1º Trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período 2019.

A análise focaliza os seguintes indicadores: Receitas Líquidas, Resultados Líquidos, Grau de Alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA) e ROE (Retorno do Acionista).

A amostra contém 37 companhias do Setor que fazem parte do Banco de Dados SABE©, organizadas pelos segmentos de Comércio, Construção, Incorporação e Shopping Centers. A exceção de Azevedo e Travassos, todas as empresas publicaram seus balanços até 30 de junho de 2020.

SETOR COMO UM TODO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Em termos de variação nominal, no primeiro trimestre de 2020, as receitas líquidas caíram quase 4% e os resultados líquidos (lucros/prejuízos) caíram 31%. A alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida/EBITDA, já vinha muito elevada no 1º Trim 2019 e reduziu 5% para 12,4 vezes, nível elevado de perigo. E, por último, o retorno do acionista (ROE) que estava em 2019 em nível muito baixo, diminuiu 0,4 pontos percentuais, para 0,4%.

No 1º Trim 2020 o maior lucro foi da Multiplan (R$ 178 milhões), seguido da BR Malls com R$ 129 milhões, ambas do segmento de Shoppings. Em 3º lugar veio a MRV Engenharia com um lucro de R$ 126 milhões. O maior prejuízo foi da Generalshopp (- R$ 311 milhões), acompanhada da PDG Realty com menos R$ 176 milhões. O maior grau de endividamento anualizado foi da Generalshopp com alavancagem de 48,4 vezes (!!), seguida de Helbor com 31,2 vezes; a empresa em situação mais confortável neste quesito foi a Mills com 0,9 vezes. Por fim, o maior retorno anualizado (ROE) foi conquistado pela Multiplan com pouco mais de 12%.

A planilha abaixo ilustra a evolução dos indicadores do total das 37 Empresas do Setor, do 1º Trim 2019 para o 1º Trim 2020. Em seguida comentamos o desempenho individual de cada segmento também chamado de subsetor.


COMÉRCIO DE IMÓVEIS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Contando com 5 empresas, este segmento teve um fraco desempenho: redução nominal de receitas de 9%, recuperação dos resultados, mas mantendo prejuízos; aumento elevado (62%) no grau de alavancagem anualizado, para nível de muito perigo (23 vezes) e aumento de 6,5 pontos percentuais (pp) do ROE, mas ainda deteriorado no 1º Trim 2020.

BR Properties teve o melhor desempenho em vendas (R$ 76 milhões), mas Log Com Properties logrou o maior lucro com R$ 17 milhões, com aumento de 134% em relação ao 1º Trim 2019. Em termos de endividamento, quem escapou foi a Lopes Brasil com grau anualizado de 2,8 vezes, enquanto que BR Properties chegou a 6,8 vezes, bem acima do nível de alerta. Quanto ao ROE, Log Com Properties liderou com míseros 2,4%.

CONSTRUÇÃO CIVIL (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Com 9 empresas, o segmento de Construção Civil também decepcionou no 1º Trim 2020 em termos de desempenho: queda de 9% nas vendas, aumento do prejuízo, altíssimo grau de endividamento (com EBITDA negativo) e total deterioração do ROE (retorno do acionista) por conta do passivo a descoberto do segmento. Cabe o registro que três companhias (Eternit, Haga e Mendes Jr) apresentaram com PL negativo no 1º Trim de 2019 e 2020.

O melhor desempenho foi obtido pela Tenda com lucro próximo a R$ 18 milhões e ROE de 5,1%. Em termos de endividamento a Mills ficou com o menor grau de alavancagem financeira com 0,9 vezes.

INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Incorporação é o maior de todos do Setor com 18 companhias. Seu desempenho também foi muito fraco com queda de 5% nas vendas, embora com aumento expressivo nos lucros, dado que no 1º trim 2019 estava com prejuízo. O grau de alavancagem cresceu 4% para quase 18 vezes (!!) e o ROE subiu quase 2 pps, devido à recuperação do resultado.

A líder isolada em vendas no 1º Trim 2020 foi a MRV com R$ 1,5 bilhões que também ocupou a 1ª posição em lucros com R$ 126 milhões, embora com queda de 36% em relação ao 1º Trim 2019. O menor nível de endividamento anualizado foi conquistado pela Eztec com dívida líquida negativa, situação confortável.  Em termos de ROE anualizado, Trisul alcançou o melhor retorno ao acionista com 12%.

SHOPPINGS CENTERS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Shoppings em bolsa é composto por 5 companhias. Foi o segmento que trouxe o melhor desempenho do Setor aqui analisado no 1º Trim 2020 em relação à igual período de 2019: aumento nas vendas (11%) com queda expressiva de lucros, porém o maior do setor como um todo. O grau de endividamento caiu quase 16% atingindo 4,3 vezes, o menor do setor como um todo. E o retorno do acionista (ROE) cedeu quase 4 pontos percentuais devido à queda dos lucros.

A Multiplan liderou o segmento com a maior receita de R$ 321 milhões (aumento de 6%) e o maior lucro de R$178 milhões, aumento expressivo de 95%!! Por outro lado, Allianscsonae trouxe a menor relação Dívida Líquida/EBITDA de 2,2x, enquanto que o maior ROE (12,2%) foi conquistado também pela Multiplan.

CONCLUSÃO

O Setor Construção Civil e Mercado Imobiliário vinha apresentando melhora expressiva do ano de 2018 para 2019: aumento de 17% nas vendas para R$ 26 bilhões, recuperação do prejuízo amargado em 2018, queda expressiva do grau de alavancagem financeira de 45%, embora para patamar elevado de 9,2 vezes e retorno positivo de 5,1% para o acionista, aumento de 8 pontos percentuais. Portanto, sinalizando tendência de recuperação.

Entretanto, fazendo a comparação dos números do 1º Trim de 2019 com igual período de 2020, observamos uma reversão daquela tendência, à exceção do segmento de Shoppings. A questão que preocupa é o alto grau de alavancagem em todos os segmentos na faixa de 4,3 a 23,1 vezes, agravado pelo segmento de Construção que ficou prejudicado por apresentar EBITDA negativo. Por último, chamamos a atenção para o insignificante ROE do setor em nível abaixo de 1%.

O destaque positivo foi conquistado pela Multiplan do segmento de Shoppings que trouxe a melhor combinação de desempenho medido por receitas, lucros, endividamento e ROE no 1º trimestre de 2020.

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O SABE Alerta é apenas a “ponta de um iceberg” quando comparado ao acervo de informações que o Big Data SABE tem à disposição de investidores e gestores de investimentos em ações: são 140.000 demonstrações financeiras padronizadas de TODAS as companhias abertas desde 1994 e os preços ajustados de suas ações dos últimos cinco anos.

Luiz Guilherme Dias
SABE | Inteligência em Ações da Bolsa


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