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VALE: Se não fosse a tragédia de Mariana...
03/11/2017Segundo notícia publicada no site Infomoney, uma liminar do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) proibiu a mineradora Vale de dar prosseguimento à implantação da Barragem Maravilhas III, no município de Itabirito (MG). A decisão também determina que o governo de Minas Gerais se abstenha de conceder qualquer licença relacionada ao empreendimento.
O despacho foi assinado no dia 30/Out/2017), pelo juiz Michel Curi e Silva, da 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte, atendendo a um pedido formulado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que apresentou ação civil pública apontando irregularidades no processo de concessão da licença prévia para implantação da barragem.
O juiz citou ainda a tragédia de Mariana (MG), que completa dois anos no dia 05/Nov/2017. Na época, o rompimento de uma barragem da Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton, provocou o maior desastre ambiental do país e levou 19 pessoas à morte. “A recente tragédia ambiental, sem precedentes, (...) deveria ser suficiente para rechaçar a utilização de vetustas barragens de rejeitos, há muito ultrapassadas por tecnologias existentes e disponíveis para o mesmo fim”, destacou o juiz na decisão. (Fonte: Infomoney – 31Out/2017)
De 2012 a 2016, a Vale teve um desempenho fraco de resultados com perda de patrimônio, crescimento expressivo de endividamento, queda real de receitas, além de prejuízos em 2013 e 2015, de R$ 258 milhões e R$ 46 bilhões, respectivamente. Entretanto, conseguiu bom desempenho no crescimento do EBITDA, que embora negativo em 2015 (R$ 15 bilhões) teve forte recuperação em 2016 (R$ 37 bilhões). A relação da dívida com o EBITDA em 2016 foi alta (4,71x), acima do padrão de mercado, e a média do retorno do acionista (ROE) dos últimos cinco anos ficou abaixo de zero, prejudicada pelos prejuízos citados, em especial o de 2015.
Observando um período mais recente, pela comparação dos 9M2017 contra 9M2016, notamos um desempenho bem mais favorável com crescimento do patrimônio em 8,4%, junto com queda de 9,5% da dívida líquida e aumento expressivo de geração de caixa (59%) e do lucro (29%). Nos primeiros nove meses de 2017 a alavancagem anualizada foi de 3,40x, próxima do patamar desejado pelo mercado, ao mesmo tempo que o ROE anualizado ficou próximo a 14%, crescimento de 13% em relação aos 9M2016.Como noticiado no Metro Jornal de 01/Nov/2017, junto com a lama da barragem de Fundão, que se rompeu em Nov/2015 em Mariana, MG, uma enxurrada de multas, ações e processos também inundou os tribunais e órgãos de fiscalização brasileiros. Desde cobranças pelos danos ao meio ambiente, até a responsabilidade pelas 19 mortes causadas, a mineradora Samarco acumula dezenas de processos que não se desenrolam e seguem sem perspectivas de desfecho em curto prazo. Passados dois anos, a maioria das multas impostas pelos órgãos ambientais sequer foi paga e a ação criminal do rompimento está suspensa, sem previsão de ser retomada.
Levantamento do Metro Jornal junto aos governos federal, de Minas Gerais e Espírito Santo apontou que 70 penalidades foram aplicadas à Samarco. Porém, 68 estão em fase de recurso. Juntas, elas representam uma verdadeira ‘montanha’ de dinheiro em infrações. As únicas pagas até agora foram a autuação realizada pelo CIF (Comitê Interfederativo), no valor de R$ 5,9 milhões, e a multa da Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais), de R$127 milhões, mas que foi parcelada em 59 vezes – só a primeira prestação foi quitada.
Se não fosse a tragédia de Mariana, a Vale estaria em situação confortável de crescimento de ativos e resultados, como mostram os números de suas DFs recentemente publicadas. Entretanto, a solução do passivo ambiental e social gerado pela catástrofe provocada pelo rompimento da barragem de Samarco, sua controlada, no final de 2015, incluindo a morte de pessoas inocentes é questão crucial para o futuro da Vale.
Sob o ponto de vista do desempenho das ações, o mercado tem sido justo: no longo prazo, de Dez/2012 a 27/Out/2017, a valorização de VALE PN (VALE 5) ficou negativa em 6,76%, enquanto que o Ibovespa subiu 24,52%.
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Luiz Guilherme Dias
Equipe SABE Inteligência em Ações da Bolsa