Transporte e Logística: Lucros caem mais de 100% no 1º Trim 2020!

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Transporte e Logística: Lucros caem mais de 100% no 1º Trim 2020!

26/06/2020

APRESENTAÇÃO

Os números que serão aqui apresentados foram gerados tendo como base as demonstrações financeiras das companhias abertas do Setor de Transporte e Logística listadas na B3, com o objetivo de medir o desempenho do setor e de seus segmentos (subsetores) no 1º Trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

A análise focaliza os seguintes indicadores: Receitas Líquidas, Resultados Líquidos, Grau de Alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA) e ROE (Retorno do Acionista).

A amostra contém 17 companhias do Setor que fazem parte do Banco de Dados SABE©. As empresas Arteris, Ecorodovias, Ecovias, Ferrovia Centro Atlântica, Gol e Novadutra ficaram de fora da análise por não terem publicado seus balanços até 18 de junho de 2020.

SETOR COMO UM TODO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Na comparação do 1º trimestre de 2020 com igual período de 2019, o desempenho do setor como um todo foi muito fraco. As receitas líquidas tiveram crescimento real praticamente nulo, os lucros caíram de forma assustadora, influenciados principalmente pela queda bruta da Azul. A alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida/EBITDA, aumentou mais de 40%, para patamar de 7 vezes, bem acima do nível de alerta. E, o retorno do acionista (ROE) despencou, ficando deteriorado no primeiro trimestre de 2020.

No primeiro trimestre do ano, o maior lucro foi da CCR (R$ 273 milhões, queda de 23%), seguido da Localiza com R$ 231 milhões (aumento de 10%). Das 17 companhias do setor, apenas 7 deram lucros. Os maiores prejuízos foram de Azul (- R$ 6,1 bilhões) e Cosan Log (- R$ 276 milhões). Estas mesmas duas companhias apresentaram os maiores graus de endividamento anualizados no patamar de 10 vezes (!!); os menores foram de Tegma (1,8x), Locamerica e Trevisa (ambas com 2,6x). E os maiores retornos anualizados (ROE) foram conquistados por: Localiza (17%) e Tegma (13%).

A planilha abaixo ilustra a evolução, do 1º Trim 2019 para o 1º Trim 2020, dos indicadores do total das 17 Empresas do Setor. Em seguida comentamos o desempenho individual de cada segmento também chamado de subsetor.


ALUGUEL DE CARROS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Contando com 6 empresas, o segmento de Aluguel de Carros foi o que apresentou o melhor desempenho no 1º Trim 2020: aumento de 19% nas receitas, menor queda (35%) nos resultados líquidos; menor grau de alavancagem anualizado (5,5x), e menor queda (6,3 pontos percentuais) no ROE atingindo 6,8% no 1º Trim 2020.

O melhor desempenho foi obtido pela Localiza, com receita de R$ 2,8 bilhões (aumento de 14%) e lucro de R$ 231 milhões (aumento de 10%). Locamerica chegou em 2º lugar com lucro de R$ 80 milhões, aumento de 8%. O maior prejuízo foi de Movida com R$ 114 milhões, que também apresentou a maior dificuldade para enfrentar a dívida com EBITDA negativo de R$ 21 milhões. Locamerica goza da melhor posição de endividamento com alavancagem anualizada de 2,6x. Por fim, Localiza conquistou o maior ROE para o acionista com 17%.

LOGÍSTICA (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Logística, composto de 6 empresas teve um desempenho fraco no 1º Trim 2020: vendas estáveis com variação abaixo da inflação e queda de mais de 100% nos lucros, totalizando R$ 492 milhões de prejuízos. O grau de endividamento cresceu 54% para 9,4 vezes (nível de perigo) e o retorno anualizado do acionista (ROE) caiu quase 17 pps.

Todas as companhias amargaram prejuízo, exceto Tegma que somou R$ 19 milhões de lucro (queda de 28% em relação ao 1º Trim 2019). Os maiores prejuízos foram de Cosan Log (- R$ 276 milhões) e de Log-In (- R$ 115 milhões). Tegma conseguiu o menor grau de endividamento (1,8 vezes) e o maior retorno anualizado para o acionista (ROE) com 13%

TRANSPORTE (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

A rigor o subsetor de Transporte deveria ser analisado em quatro partes: Aéreo, Ferroviário, Marítimo e Terrestre. Entretanto, dada a falta de balanços optamos por agrupar as companhias. Seu desempenho foi o pior do Setor como um todo: aumento nominal de receitas em apenas 4,4%, redução expressiva nos lucros (influenciada pela Azul), aumento de 41% no grau de alavancagem financeira para 6,8 vezes (encostando no nível de perigo) e forte queda de 79 pps no retorno anualizado (ROE), também prejudicado por Azul.

CCR obteve o maior lucro com R$ 273 milhões (queda de 23%). Azul, como já dito, amargou um tremendo prejuízo de mais de R$ 6 bilhões, seguido de Rumo com perdas de R$ 274 milhões. Em termos de grau de alavancagem financeira, Trevisa teve o menor nível com 2,6 vezes. E, quanto ao retorno do acionista, a “campeã” foi a CCR com um ROE anualizado de 12%.

CONCLUSÃO

De 2018 para 2019 o Setor de Transporte e Logística teve um aumento de 16% nos lucros do ano. Embora com endividamento em queda, o setor já vinha com uma alavancagem financeira elevada de 5,4 vezes, acima do nível de alerta. Por outro lado, o retorno (ROE) do setor como um todo cresceu 1 ponto percentual em 2019 chegando a 5,8%.

Pela comparação dos números do 1º Trim de 2019 com igual período de 2020, observamos que todos os segmentos do Setor de Transporte e Logística tiveram um fraco desempenho com queda nos lucros, sendo a maior a do segmento de Transporte, devido à forte queda de lucro da Azul.  Pela ótica do endividamento, percebemos um alto grau de alavancagem anualizada também em todos os segmentos, em especial o de Logística com 9,4 vezes no 1º Trim 2020. E, por último, todos os segmentos apresentaram reduções dos ROEs, ficando apenas o de Aluguel de Carros com retorno positivo no 1º Trim 2020.

No 1º trimestre de 2020 os destaques em desempenho vão para CCR do segmento de Transporte Terrestre e Localiza do segmento de Aluguel de Carros, por terem apresentado os melhores indicadores de receitas, lucros, endividamento e retorno para o acionista em nível acima do setor. Assim como outros setores, a área de Transporte e Logística vai enfrentar grandes desafios no curto prazo provocados pela covid-19.

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O SABE Alerta é apenas a “ponta de um iceberg” quando comparado ao acervo de informações que o Big Data SABE tem à disposição de investidores e gestores de investimentos em ações: são 150.000 demonstrações financeiras padronizadas de TODAS as companhias abertas desde 1994 e os preços ajustados de suas ações dos últimos cinco anos.

Luiz Guilherme Dias
SABE | Inteligência em Ações da Bolsa


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