Tecidos, Vestuário e Calçados: Lucros caem mais de 100% no 1º Trim 2020!

SABE

notícias

voltar

Tecidos, Vestuário e Calçados: Lucros caem mais de 100% no 1º Trim 2020!

17/07/2020

APRESENTAÇÃO

Os números que serão aqui apresentados foram gerados tendo como base as demonstrações financeiras das companhias abertas do Setor de Tecidos, Vestuário e Calçados listadas na B3, com o objetivo de medir o desempenho do setor e de seus segmentos (subsetores) no 1º Trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

A análise focaliza os seguintes indicadores: Receitas Líquidas, Resultados Líquidos, Grau de Alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA) e ROE (Retorno do Acionista).

A amostra contém 19 companhias do Setor que fazem parte do Banco de Dados SABE©. A exceção de Tecelagem Blumenau, todas as empresas publicaram seus  balanços até 30 de junho de 2020..

SETOR COMO UM TODO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Na comparação do 1º trimestre de 2020 com igual período de 2019, o desempenho do setor como um todo foi muito ruim. As receitas líquidas caíram, os lucros tiveram quedas expressivas e reverteram para prejuízos. A alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida/EBITDA, subiu violentamente, atingindo um nível elevadíssimo de 43 vezes!!! E, o retorno do acionista (ROE) despencou, ficando deteriorado no primeiro trimestre de 2020.

No primeiro trimestre do ano, o maior lucro foi da Grendene (R$ 30 milhões, queda de 61%), seguido da Alpargatas com R$ 23 milhões (queda de 46%). Das 19 companhias do setor, apenas 8 deram lucros. Os maiores prejuízos foram de Coteminas (- R$ 207 milhões) e Springs (- R$ 203 milhões). O maior grau de endividamento anualizado veio de Tecelagem São José com 95,8 vezes (!!) seguido da Mundial com 30,3 vezes; o menor foi de Cia. Hering (0,5x). O maior retorno anualizado (ROE) foi conquistado por Pettenati com 18%.

A planilha abaixo ilustra a evolução, do 1º Trim 2019 para o 1º Trim 2020, dos indicadores do total das 19 Empresas do Setor e de cada um de seus segmentos. Em seguida comentamos o desempenho individual de cada segmento também chamado de subsetor.

CALÇADOS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Contando com 4 empresas, o segmento de Calçados foi o que apresentou o melhor desempenho no 1º Trim 2020, embora fraco: queda de 18% nas receitas, queda expressiva de mais de 54% nos resultados líquidos, mas mantendo lucro; grande aumento no grau de alavancagem anualizado, mas para nível ainda bem baixo (1,4x) e queda de 5 pontos percentuais no ROE no 1º Trim 2020.

O melhor desempenho em vendas foi obtido pela Alpargatas, com receita de R$ 9,2 bilhões (queda de 46%) e de lucro pela Grendene com R$ 30 milhões (queda de 61%). Todas as companhias deste segmento deram lucro no 1º Trim 2020. Grendene e Vulcabras gozam de melhor posição de endividamento com alavancagens baixas. Quem trouxe o maior ROE para o acionista foi a pequena Cambuci com 38%.

TECIDOS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Tecidos, o maior do setor com 12 empresas, também teve um desempenho muito fraco no 1º Trim 2020: vendas em queda de quase 5% e resultados líquidos em forte queda, totalizando R$ 475 milhões de prejuízos. O grau de endividamento que já vinha bem alto no 1º Trim 2019 (15,6x) cresceu violentamente porque o segmento não conseguiu gerar EBITDA e o retorno anualizado do acionista (ROE) caiu mais de 126 pps, ficando deteriorado.

O melhor desempenho em vendas foi obtido pela Coteminas, com receita de R$ 415 milhões (queda de 8%). Apenas 3 das 12 empresas de Tecidos deram lucro: Karsten, Pettenati e Santanense, entre R$ 3 e R$ 14 milhões. O maior prejuízo veio de Coteminas (-R$ 207 milhões), seguido da Springs (-R$ 202 milhões), ambas do mesmo grupo. Karsten, Tecel S José, Teka e Tex Renaux enfrentam problemas de passivo a descoberto com patrimônio líquido negativo no 1º Trim 2020. Pettenati goza da melhor posição de endividamento com alavancagem anualizada de 1,1x e trouxe o maior ROE para o acionista com 18%.

VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Vestuário/Acessórios em bolsa é composto por apenas 3 companhias. Como os subsetores anteriores trouxe um desempenho bem fraco no 1º Trim 2020: queda nas vendas (24%) e queda expressiva de lucros, provocando um prejuízo de R$ 14 milhões. O grau de endividamento cresceu tremendamente atingindo 41 vezes (!!). E o retorno do acionista (ROE) cedeu mais que 12 pontos percentuais devido à queda dos lucros.

A Cia Hering liderou o segmento com números modestos: teve a maior receita com R$ 272 milhões (queda de 27%) e o maior lucro com apenas R$ 5 milhões, queda expressiva de 89%!! Cia Hering também trouxe a menor relação Dívida Líquida/EBITDA anualizada de 0,5x e um discreto ROE de 1,4%).

CONCLUSÃO

De 2018 para 2019 o Setor de Tecidos, Vestuário e Calçados já vinha enfrentando perdas com queda de 34% nos lucros do ano. Além disso, o endividamento subiu 36% refletindo uma alavancagem financeira de 4,8 vezes, acima do nível de alerta. Por outro lado, o retorno (ROE) do setor como um todo desceu 6,2 pontos percentuais em 2019 ficando no nível de 10%.

Pela comparação dos números do 1º Trim de 2019 com igual período de 2020, observamos que todos os segmentos do Setor de Tecidos, Vestuário e Calçados tiveram um desempenho muito ruim, com quedas expressivas nos lucros, sendo a maior a do segmento de Tecidos.  Pela ótica do endividamento, percebemos um alto grau de alavancagem anualizada, nos segmentos de Tecidos e Vestuário no 1º Trim 2020. Por último, todos os segmentos apresentaram reduções expressivas dos ROEs anualizados, prejudicando o retorno para o acionista.

No 1º trimestre de 2020 o destaque positivo em desempenho vai para a Grendene do segmento de Calçados por ter apresentado os melhores indicadores de resultados, com queda em relação ao mesmo período de 2019, mas com baixo endividamento e retorno para o acionista em nível acima do setor.

SABE INVEST APP


TERMO DE RESPONSABILIDADE (DISCLAIMER)

A SABE não pretende nem se dispõe a ensinar/instruir como investir no mercado de ações nem, muito menos, quais e quando comprar/vender ações: para isso recomendamos consultar a sua Corretora. SABE é o suporte imprescindível para quem já atua neste mercado ou já tomou a decisão de nele participar.

O SABE Alerta é apenas a “ponta de um iceberg” quando comparado ao acervo de informações que o Big Data SABE tem à disposição de investidores e gestores de investimentos em ações: são 150.000 demonstrações financeiras padronizadas de TODAS as companhias abertas desde 1994 e os preços ajustados de suas ações dos últimos cinco anos.

Luiz Guilherme Dias
SABE | Inteligência em Ações da Bolsa

Quer monitorar GRATUITAMENTE o desempenho da sua carteira de ações?

Conheça nosso APP:

SABE Invest - Google Play  SABE Invest - App Store



Comentários