SABE

APRESENTAÇÃO

Este alerta tem como objetivo a análise do endividamento dos setores da bolsa no 1º Semestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019. As dívidas líquidas de 303 companhias não-financeiras listadas na B3 com balanços publicados até 31 de agosto explodiram, acumulando quase R$ 3 trilhões, como ilustra a planilha a seguir com informações do Banco de Dados SABE^©.

DÍVIDAS LÍQUIDAS 1º Sem 2019 X 1º Sem 2020

Podemos extrair as seguintes conclusões estatísticas da planilha acima, analisando o endividamento, tanto em termos absolutos quanto relativos (grau de alavancagem financeira) dos setores no 1º Sem de 2020 e sua variação em relação à igual período de 2019:

-  Dos 21 setores da bolsa, apenas 2 tiveram queda de dívidas líquidas no 1º Sem 2020:

•  Utilidades Domésticas, com queda de 33% devido à redução do endividamento da Whirlpool  de R$ 4,9 bilhões no 1S2019 para R$ 2,6 bilhões no mesmo período de 2020 e

•  Serviços Financeiros com  redução de quase 9%, por conta da queda expressiva da dívida da Cielo  de R$ 71,7 bilhões no 1S2019 para R$ 57,5 bilhões no 1S2020;

•  ou seja, os demais 19 setores tiveram crescimento de seus endividamentos;

-  O setor de TI foi o que apresentou o maior aumento de dívida líquida, mais de 200%, influenciado principalmente pela Totvs que gozava do conforto de sobra financeira no 1S2019 passando a enfrentar um endividamento de R$ 1,1 bilhões no 1S2020;

-  Observando agora o grau de alavancagem financeira anualizado, medido pela relação entre a Dívida Líquida e o EBITDA, todos os 21 setores, sem exceção, apresentaram níveis superiores ao padrão de mercado de 3 vezes:

•  TI, Alimentos/Bebidas, Telecomunicações e Saneamento na faixa de 3 a 4 vezes, alerta leve;

•  Serviços Médico-Hospitalares, Mineração, Serviços Financeiros, Energia Elétrica e Holdings entre 4 e 6 vezes, alerta forte;

•  Papel e Celulose, Utilidades Domésticas, Siderurgia/Metalurgia, Transporte/Logística e Atacado/Varejo, entre 7 e 10 vezes, sinal de perigo;

•  Educação, Açúcar e Álcool, Construção Civil/Mercado Imobiliário, Máquinas/Equipamentos, Lazer/Turismo/Hotelaria com graus de endividamento muito além do nível de perigo, acima de 10 vezes;

•  Tecidos/Vestuário/Calçados mostrou um enorme nível de dívida com grau de 77 vezes e aumento expressivo em relação ao 1S2020, devido principalmente à queda de 90% do EBITDA do 1S2019 para igual período de 2020;

•  Petróleo/Biocombustíveis apresentou situação semelhante, por conta da violenta queda de mais de 100% do EBITDA da Petrobras, de R$84,5 bilhões no 1º Sem 2019 para um valor negativo em quase R$ 4 bilhões nos primeiros 6 meses de 2020.

-  Como um todo o grau de alavancagem financeira dos setores ficou em 52 vezes, evidenciando um elevado endividamento no 1º semestre de 2020.

CONCLUSÃO

Como já tínhamos antecipado em artigos publicados no início de junho passado, o impacto da crise com a Covid-19 trouxe perdas significativas porque pegou em cheio o desempenho das companhias no 2º Trimestre deste ano.

O 3º Trim 2020, cuja temporada de balanços está em curso, poderá confirmar (ou não) a expectativa de retomada em “V” como pregam as principais autoridades da esfera federal da área de Economia do país. Quem viver verá...

TERMO DE RESPONSABILIDADE (DISCLAIMER)

A SABE não pretende nem se dispõe a ensinar/instruir como investir no mercado de ações nem, muito menos, quais e quando comprar/vender ações: para isso recomendamos consultar a sua Corretora. SABE é o suporte imprescindível para quem já atua neste mercado ou já tomou a decisão de nele participar.

O SABE Alerta é apenas a “ponta de um iceberg” quando comparado ao acervo de informações que o Big Data SABE tem à disposição de investidores e gestores de investimentos em ações: são 140.000 demonstrações financeiras padronizadas de TODAS as companhias abertas desde 1994 e os preços ajustados de suas ações dos últimos cinco anos.

SABE | Inteligência em Ações da Bolsa
Luiz Guilherme Dias

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