SABE

Benjamin Graham em seu clássico livro “O Investidor Inteligente” nos ensina que um investidor não deve pautar seu comportamento pelas flutuações do mercado. O mercado sempre oscilará entre o otimismo desenfreado (ganância) e o pessimismo profundo (medo). O investidor inteligente deve aproveitar esses movimentos acentuados para comprar ações abaixo do seu valor justo ou vende-las quando estiver acima. Os preços de mercado têm pouca relação com valor, ensina Graham.

Recordes de 2019

O Ibovespa encerrou o ano de 2018 no patamar de 88.000 pontos, tendo variação positiva de 15,18%.  Em 2019, desde o primeiro até o pregão de 14/jan, o índice já subiu 7,36%. Fruto de um otimismo exagerado, o Ibovespa já bateu seis máximas históricas, sendo a maior em 14/jan com 94.474 pontos, quase alcançando a metade do desempenho de todo o ano de 2018. Esse crescimento extraordinário pouco significa se considerarmos os fracos fundamentos da nossa economia.

Mesmo o Ibovespa batendo sucessivos recordes e estando próximo de 95.000 pontos, há que se considerar que desde mai/2008 (pico histórico de 73.516 pontos) até out/2018, o índice da bolsa brasileira perdeu 39,05% em dólar, como informa a [B]3. A bolsa como sempre antecipa as expectativas e mede de forma implacável o status da economia.

Portanto, pouco importa se o índice está na máxima. Começamos a sair do lamaçal que foi o Brasil dos últimos anos. Prepare-se para ver máximas atrás de máximas. Com bolsa na máxima (ou na mínima) sempre temos boas opções esperando por nós. O que importa não é o preço, mas sim o valor da empresa.

Ganhos e Perdas de 2018

Em momentos de euforia, os ativos mais arriscados se valorizam mais, o que não significa que criam valor.

No Brasil temos um contingente grande de empresas que destroem valor: estatais, a maioria das construtoras, boa parte dos bancos médios, as companhias aéreas e muitas empresas de commodities. Foram as que mais se valorizaram no início de 2018 com a onda de otimismo que invadiu o mercado de capitais no Brasil. Por outro lado, diversas empresas que criam valor aos seus acionistas não tiveram uma valorização tão expressiva.

O ano de 2018 foi marcado por grande volatilidade no mercado de ações brasileiro, como reflexo das eleições presidenciais no Brasil e do embate comercial entre EUA e China. Ainda assim o Ibovespa fechou o ano com uma valorização de 15%.

Confira na planilha abaixo como foi o desempenho das ações com maiores ganhos e perdas em 2018. A título de ilustração perceba como a ação da PN da Gol (GOLL4) valorizou 34,25%, mesmo estando a companhia com prejuízos constantes e patrimônio negativo no último balanço, caracterizando destruição de valor. Ao mesmo tempo observe que a ação ON da RaiaDrogasil (RADL3) perdeu 36,46%, mesmo a empresa tendo um excelente desempenho econômico em 2018 e anos recentes, sinalizando criação de valor.

Criar valor é diferente de obter lucro e de conseguir valorização das ações. Criar valor é gerar uma rentabilidade superior ao custo de oportunidade composto pelo retorno equivalente dos títulos de renda fixa, acrescido pelo nível de risco a que se está exposto ao optar pelo investimento em uma determinada companhia.

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