Fusão de OI com TIM: quem ganha?

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Fusão de OI com TIM: quem ganha?

27/03/2018

A fusão é uma das técnicas de reorganização empresarial em que ocorre a união de duas ou mais empresas que se extinguem para formar uma nova sociedade. Com a operação de fusão ocorre o desaparecimento das sociedades anteriores, dando lugar a uma só, na qual todas elas se fundem, extinguindo-se todas as pessoas jurídicas existentes e, em seu lugar, surgindo outra sociedade. Esta nova sociedade que surge assumirá todas as obrigações ativas e passivas das sociedades fusionadas.

Segundo estudiosos do assunto, o objetivo dessa operação é a “redução de custos, a racionalização da produção, a união da tecnologia, a procura de crescimento e aumento de capacidade econômica e concentração de poder”. Também poderá ser utilizada como forma de evitar a concorrência, porém, neste caso, o CADE procederá à verificação com base na Lei 8.884/94, com suas atualizações posteriores. (Fonte: JUSBRASIL).

Os Analistas acreditam que da fusão da OI com a TIM surgiria uma nova empresa que teria uma participação de 30% no mercado de Telecom, disputando diretamente com Claro e Vivo. Fazendo uma simulação com os números dos últimos balanços das duas operadoras, ou seja, OI (9M2017) e TIM (2017), temos as seguintes estimativas: receita de R$40,2 bilhões, prejuízo de R$ 3,5 bilhões e endividamento líquido de R$76,9 bilhões, com grau de alavancagem de 6,13 vezes.

Confira a seguir os principais indicadores-chave (KPI SABE), dos últimos cinco anos, de OI e TIM extraídos do Big Data SABE:

As duas companhias tiveram desempenhos diametralmente opostos: a fusão das duas faz lembrar o filme “A Bela e a Fera”.

De um lado a TIM teve bom desempenho de geração de caixa medido pelo EBITDA, com crescimento expressivo de 2016 para 2017. A TIM manteve, na média, seu grau de alavancagem financeira medido pela relação dívida líquida/EBITDA em nível abaixo de 2 vezes, com redução de 21% de 2016 para 2017. Por outro lado, a TIM apresentou um retorno médio para o acionista (ROE) de 8,76% de 2013 a 2017, com aumento de 2,44 pp nos dois últimos anos.

De outro lado a OI teve um péssimo desempenho nos últimos cinco anos e na variação de 2016 para 2017, com quedas de receitas e de geração de caixa. Além disso, operou nesse período com elevada alavancagem financeira média de 8,39 vezes, tendo alcançado em 2017 o nível de 10,04 vezes, aumento de 3,18% em relação a 2016. Como consequência a OI teve seu ROE (retorno do acionista) deteriorado devido aos sucessivos prejuízos desde 2014.

Sob a ótica do desempenho em bolsa nos últimos cinco anos (28/03/2013 a 26/03/2018), intervalo de tempo em que o Ibovespa valorizou 50,99%, os preços ajustados das ações das duas operadoras acompanharam o quadro econômico-financeiro descrito:

- TIM ON (TIMP3): valorização de 80,88%;

- OI ON (OIBR3) e OI PN (OIBR4): desvalorizações de 93,89% e 93,62%, respectivamente; cabe o registro que as duas ações estavam cotadas em 28/03/2013 a R$65,11 e R$56,87, respectivamente, e agora no dia 26/03/2018 no patamar de R$4,00.

No dia 27/03/2018 os analistas do Bradesco enviaram um relatório aos seus clientes falando sobre a possível saída dos chineses na disputa pela OI, além do aumento da probabilidade de uma fusão entre as duas operadoras. De acordo com informações do relatório, divulgadas pelo Money Times, o avanço do plano de recuperação judicial da OI, que já está dando andamento ao pagamento de seus credores, seria o motivo principal da chance de fusão com a TIM subir em 50% nos próximos 12 meses.

Resta a dúvida sobre quem ganha com a possível fusão. Segundo informações das operadoras, divulgadas pela Reuters, "A iniciativa fortalece um ambiente propositivo e de colaboração industrial dentro de um contexto de concorrência saudável para o setor de telecomunicações". O que o mercado e a sociedade desejam é que a fusão proporcione maior geração de valor para todos os stakeholders da nova companhia.

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Luiz Guilherme Dias
Equipe SABE Inteligência em Ações

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