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ESTATAIS – Carga pesada para a Sociedade
19/12/2017A coluna “Poder em Jogo” da jornalista Lydia Medeiros noticiou em 15/Dez/2017 sob o título Temos Vagas o quadro em que se encontram as empresas estatais brasileiras. Segundo a matéria, o Brasil tem 149 estatais, sendo que 18 delas não sobrevivem sem o governo federal. O quadro de pessoal destas empresas mais que dobrou entre 2006 e Set/2017 — o crescimento foi de 113,9%. No mesmo período, o número de empregados das estatais que não precisam de dinheiro do governo para existir aumentou menos de 10% (9,1%). A conta é da IFI (Instituição Fiscal Independente), ligada ao Senado. Nas empresas sem caixa próprio, havia 40,3 mil funcionários em 2011. Em Set/2016 o número chegou a 74 mil. O quadro foi ampliado em plena crise econômica e política: 7,7% só em 2016.
Ao mesmo tempo, o governo financiou em mais de 90% as despesas de 13 das 18 empresas estatais que dependem do orçamento federal, em 2016. Para a IFI, o percentual elevado indica que algo não vai bem no atual modelo: “A organização de certas atividades de interesse público na forma empresarial sugere certa capacidade de geração própria de recursos.”
Em Jun/2017 publicamos em nosso blog um artigo sob o título Empresas estatais são como gatos: possuem sete vidas, onde analisamos o comportamento de 2014 a 2016 de quatro estatais, incluindo a CEF – Caixa Econômica Federal. Neste artigo que ora publicamos, estudamos seis companhias com controle estatal que possuem ações negociadas na B3, das quais três são empresas (Petrobras, Eletrobras, Telebras) e outras três são bancos (Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste).
Confira agora o que o nosso Big Data SABE tem a revelar sobre o desempenho dessas companhias nos últimos cinco anos.Usamos como base do estudo o retorno do acionista (ROE), que quando elevado significa que a companhia paga condignamente os seus acionistas, criando ativos substanciais para cada real investido. Negócios com ROE alto tendem a ser autossustentáveis, pois não necessitam de empréstimos ou investimentos adicionais em patrimônio para se perpetuar.
A exceção dos bancos, as demais companhias apresentaram nos últimos cinco anos um ROE muito baixo. Os retornos em vermelho foram mostrados apenas para caracterizar o prejuízo das empresas que, quando junto com patrimônio líquido negativo, foram convencionados em -100,00% (caso de Telebras) para chamar a atenção do leitor. No ano de 2017 calculamos o ROE anualizado e percebemos que à exceção de Banco do Brasil e Banco do Nordeste, as demais companhias entregaram uma rentabilidade a seus acionistas digna de pena.Olhando agora o desempenho em bolsa podemos concluir que nenhum dos seis papéis conseguiu bater o Ibovespa simultaneamente nos três intervalos de tempo mostrados: longo prazo (5 anos), médio prazo (2 anos) e curto prazo (1 ano). Particularmente no curto prazo, desde Dez/2012 até 15/Dez/2017, somente a ação BNBR3 (Nord Brasil ON) consegui bater o Ibovespa.
As estatais tem sido um grande peso para a sociedade brasileira. Em artigo recente publicado no Estadão sob o título Corte nas Estatais, percebemos um novo horizonte com empresas estatais federais sendo lentamente saneadas e encolhendo. Segundo a notícia, o total de empregados caiu para quase 507 mil pessoas no fim de Set/2017, um número ainda grande, mas que pode ficar abaixo de 500 mil até o fim do ano de 2017. Isso é “plenamente factível”, de acordo com o secretário de Coordenação das Estatais, Fernando Soares. É um exemplo do rigor adotado pelos gestores que assumiram a direção dessas empresas após o afastamento do “lulopetismo”. O objetivo, segundo Soares, é “recuperar as estatais, reduzir custo, elevar produtividade”, além de aproximar seus resultados dos indicadores de mercado e assegurar sua sustentabilidade.
O número de estatais federais caiu de 156 em Mai/2016 para 149 no fim de Set/2017. Para reduzir o peso das estatais na economia, o governo já programou a venda do controle da Eletrobrás bem como a privatização de empresas hoje controladas pela estatal do setor elétrico. Cabe aqui um registro de elogio às atuais gestões da Petrobras e Eletrobras que, com liderança voltada a resultados e criação de valor, vem apresentando melhora expressiva de desempenho nos últimos dois anos, com reversão de prejuízos e redução de endividamento.
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Luiz Guilherme Dias
Equipe SABE Inteligência em Ações