SABE

APRESENTAÇÃO

Os números que serão aqui apresentados foram gerados tendo como base as demonstrações financeiras das companhias abertas do Setor de Energia Elétrica listadas na B3, com o objetivo de medir o desempenho do setor e de seus segmentos (subsetores) no 1º Trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

A análise focaliza os seguintes indicadores: Receitas Líquidas, Resultados Líquidos, Grau de Alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA) e ROE (Retorno do Acionista).

A amostra contém 43 companhias do Setor que fazem parte do Banco de Dados SABE^©. As empresas EMAE, Engie Brasil, Equatorial, Eqtl Maranhao, Eqtl Para e Renova ficaram de fora da análise por não terem publicado seus balanços até 15 de junho de 2020.

SETOR COMO UM TODO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

No 1º trimestre de 2020, a variação real das receitas líquidas, descontada a inflação, foi praticamente nula, e dos resultados líquidos (lucros/prejuízos) com queda de 18%, na comparação com igual período de 2019. A alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida/EBITDA, aumentou pouco, apenas 2,5%, mas para patamar de 6 vezes, bem acima do nível de alerta. E, o retorno do acionista (ROE) diminuiu 3,5 pontos percentuais. No conjunto o desempenho do setor foi fraco.

No mesmo trimestre, o maior lucro foi da CPFL Energia (R$ 904 milhões, aumento de 59%), seguido da Energisa com R$ 582 milhões (aumento de 3,5 vezes) e de Copel (R$ 511 milhões, crescimento de apenas 1%). Os maiores prejuízos foram de CEEE-D (- R$ 498 milhões) e CEEE-GT (- R$ 97 milhões), empresas que atuam no estado RS. O maior grau de endividamento anualizado foi da CEEE-D com alavancagem de 197,4 vezes (!!!), seguida da Celgpar com 13,6 vezes; os menores foram de Afluente T (dívida líquida negativa) e Geração Paranapanema com 1,4 vezes. E os maiores retornos anualizados (ROE) foram conquistados por: CPFL Piratinga (66%) e Paulista Força e Luz (61%).

A planilha abaixo ilustra a evolução, do 1º Trim 2019 para o 1º Trim 2020, dos indicadores do total das 43 Empresas do Setor. Em seguida comentamos o desempenho individual de cada segmento também chamado de subsetor.

GERAÇÃO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Com 8 empresas, o segmento elétrico de Geração, teve um desempenho muito bom no 1º Trim 2020: aumento de 22% nas receitas, aumento de 90% (!!) nos resultados líquidos; redução do grau de alavancagem anualizado, para nível de 4 vezes e crescimento de 3,4 pontos percentuais (pp) no retorno, alcançando um ROE de 8,3% no 1º Trim 2020.

O melhor desempenho foi obtido pela Eneva, com receita de R$ 939 milhões (aumento de 54%) e lucro de R$ 180 milhões (aumento de 39%). Omega Geração ficou com o maior prejuízo com R$ 53 milhões, já vindo com perdas, embora menores no 1º Trim 2019. Com relação ao endividamento, Geração Paranapanema e Investco tiveram o menor grau anualizado de 1,4 vezes, ambas. E Geração Paranapanema conquistou o maior ROE para o acionista com 33,2%.

TRANSMISSÃO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Transmissão composto de 3 empresas (Afluente T, Taesa e Tran Paulista) também teve um desempenho satisfatório no 1º Trim 2020: aumento nominal de 18% nas vendas, crescimento de 49% nos lucros, redução de 15% no grau de endividamento para 2,7 vezes (abaixo do nível de alerta) e aumento de 4,5 pps no retorno anualizado do acionista (ROE).

Tran Paulista liderou em receitas (R$  805 milhões, aumento de 10%) e em lucros (R$ 408 milhões, crescimento de 14%). Taesa teve lucro de R$ 364 milhões e Afluente T de apenas R$ 6 milhões. Sobre os demais indicadores, Taesa trouxe o menor grau de endividamento (2,6 vezes) e o maior retorno anualizado para o acionista (ROE) com 27.5%

DISTRIBUIÇÃO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Distribuição de energia elétrica é o mais numeroso em quantidade com 21 empresas. Seu desempenho foi de nível médio: queda de receitas em termos reais, expressivo aumento de 51% nos lucros, aumento no grau de alavancagem financeira para 7,4 vezes (encostando no nível de perigo) e o retorno anualizado (ROE) cresceu 5,7 pps para 20%.

Energisa obteve a maior receita com R$ 4,8 bilhões (sem aumento) e o maior lucro com R$ 582 milhões (aumento de 352%!!). Na sequência vieram Cemig Dist com lucro de R$ 197 milhões e Eletropaulo com lucro de R$ 155 milhões. Em termos de grau de alavancagem financeira, AES Sul teve o menor nível com 3,6 vezes (baixo se comparado com o do segmento de Distribuição de 7,4 vezes). Quanto ao retorno do acionista, a “campeã” foi a CPFL Piratinga ostentando um ROE de 66%, seguida de Paulista Força e Luz com 61%.

GERAÇÃO-TRANSMISSÃO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Com somente 2 companhias (CEEE-GT e Cemig GT), este segmento teve o pior desempenho do Setor de Energia Elétrica no 1º Trim 2020: queda de 4% nas vendas, redução de mais 100% nos lucros, ficando com prejuízo. Além disso, o segmento apresentou aumento expressivo de 57% no grau de endividamento para 5,2 vezes (acima do nível de alerta) e queda de 39 pps no retorno anualizado do acionista (ROE).

Cemig GT teve receita de R$ 1,6 bilhões (queda de 28%) e CEEE-GT de R$ 253 milhões (queda de 34%) em relação ao 1º Trim 2019. Ambas tiveram prejuízos no 1º Trim 2020. Cemig GT teve um grau de endividamento elevado (5,1 vezes) e as duas empresas tiveram retorno para o acionista (ROE) deteriorados por conta dos prejuízos.

GERAÇÃO-TRANSMISSÃO-DISTRIBUIÇÃO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Este segmento reúne as companhias que oferecem os serviços integrados de energia elétrica desde a geração até a entrega ao consumidor final. Com 9 empresas, o segmento teve um desempenho ruim no 1º Trim 2020: aumento nominal de menos de 4% nas receitas, queda de 40% nos lucros; grau de alavancagem anualizado, em nível elevado de 6,3 vezes e redução de 6,3 pontos percentuais (pp) no retorno do acionista, com um ROE de apenas 6,9% no 1º Trim 2020.

O melhor desempenho foi obtido pela CPFL Energia, com receita de R$ 7,3 bilhões (aumento de 2%) e lucro de R$ 904 milhões (aumento de 59%). Em 2º lugar veio a Eletrobras com lucro de R$ 307 milhões, queda de 77% em relação ao 1º Trim 2019. Com relação ao endividamento, o destaque vai para Rede Energia com o menor grau anualizado de 2,4 vezes e o maior foi de Cemig com 10 vezes!!! CPFL Energia conquistou o maior ROE para o acionista trazendo um retorno de 25%.

CONCLUSÃO

O Setor de Energia Elétrica teve um aumento de 17% nos lucros do ano de 2018 para 2019. O setor já vinha com uma alavancagem financeira elevada de 5,9 vezes, bem acima do nível de alerta. Por outro lado, com os lucros obtidos, o retorno (ROE) do setor como um todo em 2019 foi de quase 17%.

Pela comparação dos números do 1º Trim de 2019 com igual período de 2020, percebemos que os segmentos que operam a atividade de Geração junto com outra atividade, tiveram queda nos lucros, sendo a maior queda a de Geração-Transmissão (mais de 100%!) que fechou o 1º Trim com prejuízo de R$ 101 milhões. Pela ótica do endividamento, percebemos um alto grau de alavancagem anualizada em todos os segmentos, à exceção do segmento de Transmissão com 2,7 vezes, abaixo do nível de alerta. Adicionalmente, os segmentos de Geração conjunta com outra atividade tiveram reduções dos ROEs, em especial o de Geração-Transmissão.

De todas as companhias do setor, destacamos o desempenho da CPFL Energia, responsável pela iluminação do interior do estado de SP (2º maior PIB do país) com crescimentos expressivos de receitas e lucros, endividamento controlado e oferecendo retorno para o acionista em nível bem acima do setor, ao mesmo tempo em que, como as demais empresas, enfrenta o difícil momento do 1º Trim 2020, provocado pela Covid-19.

TERMO DE RESPONSABILIDADE (DISCLAIMER)

A SABE não pretende nem se dispõe a ensinar/instruir como investir no mercado de ações nem, muito menos, quais e quando comprar/vender ações: para isso recomendamos consultar a sua Corretora. SABE é o suporte imprescindível para quem já atua neste mercado ou já tomou a decisão de nele participar.

O SABE Alerta é apenas a “ponta de um iceberg” quando comparado ao acervo de informações que o Big Data SABE tem à disposição de investidores e gestores de investimentos em ações: são 140.000 demonstrações financeiras padronizadas de TODAS as companhias abertas desde 1994 e os preços ajustados de suas ações dos últimos cinco anos.