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CEMIG - Os dividendos do passado vão deixar saudades...
18/10/2017De acordo com o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, estudos realizados pela entidade mostram que o desempenho das estatais do setor elétrico é sempre muito pior que o das empresas privadas, não apenas pelo desvio de função, mas também pela burocracia inerente ao setor púbico. "A Cemig é mais um exemplo nefasto do uso político de estatais. Para qualquer empresa, é complicado ter um controlador financeiramente frágil, afirmou Sales”.
Após uma batalha judicial que começou há quatro anos, a Cemig acabou perdendo o controle de algumas de suas principais usinas hidrelétricas. Juntas, essas hidrelétricas representavam 36% do parque gerador da companhia. Desde 2013, a energia dessas usinas passou a ser comercializada a preços de mercado. O período coincidiu com uma das piores secas da história do País, o que fez com que a energia atingisse o preço de R$ 822,83 por MWh em algumas semanas de 2014, rendendo cifras bilionárias para a companhia.
Quando o STJ derrubou a liminar que mantinha a usina de São Simão sob seu controle, em Set/2015, as receitas da Cemig com transações no mercado à vista despencaram - de R$ 2,4 bilhões para R$ 161 milhões em 2016. Desde então, a empresa tem operado as usinas com liminares. Ao mesmo tempo, o nível de endividamento da companhia dobrou, tendo atingido no fim do 1º semestre de 2017 o montante de R$ 26,5 bilhões.
Com baixa expectativa de conseguir vender sua participação na Light no curto prazo, a Cemig colocou prioridade na venda da transmissora Taesa após sofrer pressão dos bancos credores. A companhia espera obter R$ 2,5 bilhões com essa operação.
No período de 2012 a 2016, a Cemig teve um desempenho econômico fraco com vendas praticamente estáveis, perda de geração de caixa e elevação expressiva do endividamento relativo à sua geração de caixa. De 2015 para 2016 o lucro da companhia despencou 87% para R$ 335 milhões. O retorno do acionista foi bom na média dos últimos cinco anos, mas caiu de 35,47% em 2012 para 2,59% em 2016.
No 1º semestre de 2017 a Cemig apresentou uma discreta recuperação de desempenho comparado com igual período de 2016: receitas cresceram 8,76%, EBITDA subiu 38,82% e o lucro mais que dobrou atingindo a casa dos R$ 480 milhões. Por outro lado, a relação dívida líquida/EBITDA caiu de 10x para 7,2x.
Entretanto, cabe a observação de que esse desempenho foi extraordinário, não devendo se repetir nos próximos períodos.
A ação CMIG4 (CEMIG PN) teve grande volatilidade nos últimos
quatro anos refletindo a complicada situação da empresa após a briga com o Governo Federal que começou em
2012, quando a ex-presidente Dilma Rousseff anunciou o programa de redução da
conta de luz, que cortou as tarifas em 20% para o consumidor. A ação
ajustada CMIG4 estava cotada a R$ 9,56 no fim de 2012, atingiu um pico de
R$ 12,57 em Jun/2014 e fechou em R$ 8,38 no último dia 13/Out/2017.
A Cemig sofrerá um corte nos ganhos com geração de energia e, segundo especialistas, terá de garantir sua rentabilidade com a distribuição de eletricidade dentro de Minas Gerais. Estados como o de Minas Gerais e outros Estados do País, que gerenciaram suas empresas de forma a serem grandes geradoras de dividendos, daqui para frente vão ter que lidar com companhias do setor elétrico com um novo perfil. Serão empresas menores que terão de se adaptar a margens de lucro menores na geração.
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