BRF – Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!

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BRF – Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa!

14/11/2017

Segundo notícia publicada no site da Exame em 10/Nov/2017, “a BRF fechou o terceiro trimestre de 2017 com lucro líquido de R$ 137,6 milhões, alta de 666% sobre o mesmo período do ano anterior, de R$ 18 milhões, em função dos melhores resultados operacionais e financeiros, estes positivamente impactados pela adesão ao Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), como explica a administração em relatório de resultados”.

Sendo nossa preocupação permanente o longo prazo, achamos curiosa a notícia acima porque traz uma ilusão que a BRF está indo bem, o que não é verdade. De fato o lucro cresceu de forma expressiva como noticiado, mas essa informação nada significa, nada acrescenta a uma tomada de decisão consciente. Olhando o resultado acumulado de 2017 o lucro da BRF nos primeiros nove meses de 2017 foi negativo de R$ 314 milhões. Se comparado com o lucro de R$ 75 milhões obtido em igual período de 2016, esse “lucro” caiu 520%!!!

As planilhas abaixo extraídas de nosso Banco de Dados SABE explicam o que estamos afirmando. A BRF vem dando prejuízo desde o fim de 2016, portanto sua situação econômico-financeira não vai bem. Entendemos que essa informação precisa ser explicitada, sob pena de, na sua ausência, um investidor desavisado tomar uma decisão errada!

De 2012 a 2016, a BRF teve um desempenho fraco com perda de patrimônio, receitas praticamente estáveis, culminando com prejuízo de R$ 367 milhões no fim de 2016. Sua dívida cresceu a uma taxa (CAGR) de 11,72% ao ano, chegando perto de R$ 24 bilhões em Dez/2016, correspondendo a uma relação de sete vezes seu EBITDA, o que é considerado grave pelos analistas do mercado. A média do retorno do acionista no período ficou em 9,34%, prejudicada pelo prejuízo de 2016.

De acordo com os números do seu último balanço (9M2017), a BRF continua apresentando um desempenho ruim quando comparado com 9M2016: a receita teve queda real, queda nominal de 2%), o EBITDA recuou 24% e o resultado líquido ficou “vermelho” em R$ 314 milhões, correspondendo a uma queda de 520%, como enfatizado anteriormente. Do lado da dívida que já acumula R$ 27 milhões, a situação da empresa preocupa pois o grau de alavancagem financeira aumentou 50% e já representa 9,4 vezes o EBITDA anualizado da companhia.

O desempenho em bolsa da BRF do fim de 2012 até o dia 10/Nov/2017 reflete a situação econômico-financeira da companhia. A valorização do preço de fechamento ajustado da ação BRFS3 (BRF ON) foi de apenas 4,54% contra 18,40% do Ibovespa no período de quase cinco anos. Em intervalos de tempo menores a ação desvalorizou no médio e no curto prazo, 24% e 15%, respectivamente.  

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Luiz Guilherme Dias
Equipe SABE - Inteligência em Ações da Bolsa

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