Atacado e Varejo: Lucros caem 63% no 1º Trim 2020!

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Atacado e Varejo: Lucros caem 63% no 1º Trim 2020!

24/06/2020

APRESENTAÇÃO

Os números que serão aqui apresentados foram gerados tendo como base as demonstrações financeiras das companhias abertas do Setor de Atacado e Varejo listadas na B3, com o objetivo de medir o desempenho do setor e de seus segmentos (subsetores) no 1º Trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período 2019.

A análise focaliza os seguintes indicadores: Receitas Líquidas, Resultados Líquidos, Grau de Alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA) e ROE (Retorno do Acionista).

A amostra contém 18 companhias do Setor que fazem parte do Banco de Dados SABE©. As empresas Bombril, Inbrands, Le Lis Blanc, Saraiva Livreiros e Grazziottin ficaram de fora do estudo por não terem publicado seus balanços até 10 de junho de 2020.

SETOR COMO UM TODO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Em termos de variação nominal, no primeiro trimestre de 2020, as receitas líquidas cresceram 23% e os resultados líquidos (lucros/prejuízos) caíram 63%. A alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida/EBITDA, aumentou 6,5% para 7,1 vezes, nível de perigo. E, por último o retorno do acionista (ROE) diminuiu 4,7 pontos percentuais, para um nível muito baixo de 2,1%.

No 1º Trim 2020 o maior lucro foi do Carrefour (R$ 425 milhões), seguido da Hypera (antiga Hypermarcas) com R$ 238 milhões. O maior prejuízo foi do Pão de Açúcar (- R$ 109 milhões), acompanhada da B2W com menos R$ 108 milhões. O maior grau de endividamento anualizado foi da Guararapes com alavancagem de 13,5 vezes (!!) e o menor foi de WLM com 1,2 vezes. Por último o maior retorno anualizado (ROE) foi conquistado pela Arezzo em quase 14%.

A planilha abaixo ilustra a evolução dos indicadores do total das 18 Empresas do Setor, do 1º Trim 2019 para o 1º Trim 2020. Em seguida comentamos o desempenho individual de cada segmento também chamado de subsetor.


ALIMENTOS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Com apenas 2 empresas, o segmento Alimentos, onde estão presentes os supermercados Carrefour e Pão de Açúcar teve um fraco desempenho: aumento nominal de receitas de 33%, queda de 56% dos resultados líquidos; queda no grau de alavancagem anualizado, mas para nível muito elevado de 8 vezes e redução de 5,9 pontos percentuais (pp), atingindo um ROE de 4,3% no 1º Trim 2020.

Pão de Açúcar teve o melhor desempenho em vendas (R$ 19,7 bilhões), mas amargou prejuízo de R$ 109 milhões. Carrefour logrou o maior lucro com R$ 425 milhões, embora com queda de 19% em relação ao 1º Trim 2019. Em termos de endividamento, o Carrefour atingiu um grau anualizado de 5,7 vezes, enquanto que o Pão de Açúcar chegou a 10,8 vezes, ambos bem elevados, acima do nível de alerta. Quanto ao ROE, o Carrefour conseguiu 11% e o Pão de Açúcar ficou deteriorado, devido ao prejuízo.

ELETRODOMÉSTICOS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Também com apenas 2 empresas, Magazine Luiza e Via Varejo, o segmento de Eletrodomésticos decepcionou no 1º Trim 2020 em termos de desempenho: aumento discreto de 8% nas vendas, queda de 47% nos lucros, alto grau de endividamento (8 vezes) e retorno do acionista (ROE) pífio de 2%.

As duas companhias, Luiza e Via Varejo, tiveram receitas crescentes em relação ao 1º Trim 2019, de R$ 5,2 bilhões e R$ 6,3 bilhões, respectivamente. Entretanto, ambas tiveram lucros ridículos de R$ 31 milhões (queda de 329%) e de R$ 13 milhões, cada uma, sendo que a Via Viarejo vinha de prejuízo de R$ 49 milhões no 1º trimestre de 2019. Ambas , na mesma ordem, encerraram o 1º Trim 2020 com nível de endividamento muito elevado 5,7 e 9,4 vezes) e ROEs de 1,6% e 8,1%(Via Varejo favorecida pelo patrimônio líquido muito baixo).

MEDICAMENTOS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Medicamentos é aqui apresentado com 4 companhias: Dimed, Hypera, Profarma e Raia Drogasil. Este segmento, teve crescimento expressivo de 29% nas vendas, mas queda de 9% nos lucros. O grau de alavancagem cresceu 21% e o ROE decresceu 2 pps, caracterizando um desempenho fraco.

A líder isolada em vendas no 1º Trim 2020 foi a Raia Drogasil com R$ 4,9 bilhões, tendo um lucro de R$ 124 milhões, 37% acima em relação ao 1º Trim 2019. O 1º lugar em lucros coube à Hypera com R$ 238 milhões , empresa que apresentou o menor nível de endividamento anualizado: 1,1 vezes.  Em termos de ROE anualizado, Raia alcançou 12% e Hypera e Dimed quase 11%.

PRODUTOS DIVERSOS (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

Diferente dos demais deste Setor, este segmento reúne 6 empresas que comercializam produtos diversos por canais distintos: B2W (Comércio eletrônico), Cinesystem (Cinematografia e Bomboniére), Lojas Americanas (Comércio tradicional), Minasmaquina (Veículos), Natura (Perfumaria) e WLM (Veículos).

O segmento também deixou a desejar no 1º trimestre deste ano, com aumento de 16% nas receitas, mas mantendo prejuízo (embora com redução de 14%), nível alto de alavancagem de 7,2 vezes! e ROE deteriorado por conta dos prejuízo.

Lojas Americanas liderou em vendas com R$ 4,1 bilhões, aumento de 14% em relação à 2019, mas apresentou prejuízo de R$ 91 milhões pouco menos da perda de R$ 107 milhões do 1º Trim 2019. Somente WLM e Minasmaquina tiveram lucros, tendo a primeira o menor grau de alavancagem (1,2 vezes) e a segunda o maior ROE, próximo a 11%.

VESTUÁRIO (1º Trim 2019 X 1º Trim 2020)

O segmento de Vestuário deste trabalho é composto por 4 companhias: Arezzo, Guararapes, Lojas Marisa e Lojas Renner. Como os anteriores o desempenho deste segmento foi ruim, sendo o único a ter queda nas vendas (1,4%) no 1º Trim 2020, em relação à igual período de 2019. Os resultados ficaram negativos em R$ 118 milhões no último trimestre, vindo de lucro de R$ 173 milhões no 1º Trim 2019. O grau de endividamento subiu muito (90%) atingindo 8,2 vezes. E o retorno do acionista (ROE) ficou negativo.

A maior receita foi de R$ 1,9 bilhões de Lojas Renner, seguida de Guararapes com R$ 1,6 bilhões, mas o maior lucro foi obtido por Arezzo (R$ 26 milhões).  Renner lucrou apenas R$ 10,4 milhões e as demais (Guararapes e Marisa) amargaram prejuízo. O bom desempenho de Arezzo em lucro foi reforçado pela menor grau de dívida (2,1 vezes) e o maior ROE (13,7%).

CONCLUSÃO

O Setor de Atacado e Varejo já vinha apresentando queda de 24% nos lucros do ano de 2018 para 2019. Além disso, apresentava nesse mesmo período uma alavancagem financeira de 6,1 vezes, bem acima do nível de alerta. O retorno do setor como um todo em 2019 foi muito baixo, de apenas 7%.

Fazendo a comparação dos números do 1º Trim de 2019 com igual período de 2020, observamos que o único segmento cuja soma de receitas não aumentou foi o de Vestuário, ficando praticamente estável. Ao mesmo tempo, TODOS os segmentos tiveram queda nos resultados líquidos, sendo a maior queda a do Vestuário, mais de 100%! Pela ótica do endividamento, percebemos um alto grau de alavancagem em todos os segmentos na faixa de 7,2 a 8,0 vezes, exceto o de Medicamentos que ficou em 3,6 vezes, embora com aumento de 21%. Por último, notamos quedas dos ROEs em todos os segmentos analisados, estando Produtos Diversos e Vestuário deteriorados por conta dos prejuízos apresentados.

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Luiz Guilherme Dias
SABE | Inteligência em Ações da Bolsa

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